Na noite de 9 de outubro, o furacão Milton, classificado como ‘extremamente perigoso’, atingiu a costa oeste da Florida com ventos violentos, chuvas intensas e inundações. O furacãogerou pelo menos 19 tornados, dois deles grandes antes de atingir o litoral da península do sudeste dos Estados Unidos e foi emitido um alerta de tornado para o sul do estado.
Estes tornados não são invulgares – são observados em mais de 80 por cento dos furacões que atingiram a Costa do Golfo – mas é invulgar que sejam tão claramente visíveis antes do furacão.
“Já houve um número surpreendentemente grande e parecem tornados das Grandes Planícies. São enormes", disse à New Scientist William Gallus, da Universidade Estadual do Iowa.
Como se forma um tornado?
OOs tornados são colunas rotativas de ar que se formam sobre a terra. Quando se formam sobre a água, são conhecidos como trombas de água.
Há dois ingredientes necessários para que os furacões gerem tornados, o que aumenta o potencial destrutivo de uma tempestade.
- A instabilidade criada pelo calor e pela humidade na atmosfera.
- As diferenças na velocidade e direção do vento a diferentes altitudes, conhecidas como cisalhamento do vento.
O cisalhamento do vento refere-se à variação na velocidade e direção dos ventos em diferentes altitudes. Este fenómeno é essencial para a formação de tornados, uma vez que cria as condições ideais para que o ar comece a girar.
Quando um furacão está sobre o mar, o cisalhamento do vento tende a ser baixo devido à falta de atrito com a superfície da água
“É como um cilindro gigante rotativo, por isso os ventos não são muito diferentes no solo e lá no alto”, diz Gallus.
Ciclones, furacões, tufões
Ciclone é o termo genérico para estes fenómenos meteorológicos que podem também ser designados como furacão ou tufão, consoante a zona do globo em que ocorre.
“Um ciclone é um sistema de baixa pressão que se forma em latitudes tropicais, numa área suficientemente quente para se desenvolver. É caracterizado por nuvens de tempestade que irão girar e gerar chuvas muito fortes e ventos fortes, bem como ondas geradas pelo vento. Podem atingir centenas de quilómetros de largura e atravessar grandes distâncias".
Classificam-se de acordo com a intensidade dos ventos:
- depressão tropical (inferior a 63 km/h)
- tempestade tropical (entre 63 e 117 km/h)
- ciclone (superior)
São designados de forma diferente consoante a região onde ocorrem:
- ciclone (ou ciclone tropical) no Oceano Índico e no Pacífico Sul
- furacão no Atlântico Norte e no Pacífico Nordeste
- tufão no Pacífico Noroeste.
Os meteorologistas classificam-nos de acordo com a sua intensidade em escalas que variam consoante a região. Para os furacões, a escala de Saffir-Simpson tem 5 níveis.
O aquecimento global consequência das alterações climáticas não aumenta a frequência de furacões, mas torna-os mais intensos e destrutivos.
Os oceanos mais quentes libertam mais vapor de água, o que fornece energia adicional às tempestades, cujos ventos se intensificam. O aquecimento da atmosfera permite-lhes também reter mais água, o que estimula fortes precipitações.
“Em média, o potencial destrutivo dos furacões aumentou cerca de 40% devido ao aquecimento de 1°C que já ocorreu”, disse à AFP Michael Mann, climatologista da Universidade da Pensilvânia.
Este especialista é da opinião que deve ser acrescentada uma nova categoria à escala Saffir-Simpson, a categoria 6, para estas “tempestades monstruosas” com ventos superiores a 308 km/h.