Pelo menos três filiais da Al Qard Al Hassan em Beirute, instituição financeira ligada ao Hezbollah, foram atingidas na noite deste domingo por ataques aéreos israelitas, noticia a CNN, citando a Agência Nacional de Notícias do Líbano. Os ataques atingiram filiais nas áreas de Hay Al-Sellom, Burj Al-Barajneh e Ghobeiry, nos subúrbios a sul de Beirute.

Antes disso, Israel já tinha anunciado que iria bombardear várias infraestruturas relacionadas com as operações financeiras do grupo xiita Hezbollah no Líbano, alertando os residentes de Beirute, a capital do Líbano, e de outras zonas do país para se afastarem das redondezas. O objetivo do ataque “é atingir a capacidade de funcionamento económico do Hezbollah, tanto durante a guerra como depois”, declarou à comunicação social um alto funcionário dos serviços secretas israelitas.

“Residentes do Líbano, as nossas tropas vão atacar em breve as infraestruturas pertencentes a Al Qard Al Hassan, afastem-se imediatamente”, escreveu, na sua conta na rede social X (ex-Twitter), o porta-voz do exército israelita. Os alertas afetam os residentes da capital e de outras zonas do país onde existem “locais utilizados pelo Hezbollah para financiar a sua atividade terrorista”.

Consequentemente, este domingo, centenas de residentes deixaram as suas casas, provocando multidões nas ruas e engarrafamentos de trânsito em algumas zonas de Beirute à medida que as pessoas se deslocavam para bairros onde esperam estar em maior segurança.

De acordo com a Reuters, a Al Qard Al Hassan – entidade bancária gerida pelo Hezbollah que concede empréstimos e presta serviços bancários – tem mais de 30 agências no Líbano, incluindo 15 em áreas densamente habitadas do centro e dos subúrbios de Beirute.

“O Hezbollah tem diferentes formas de financiamento, mas as mais importantes são as empresas que criou, como a Al Qard al Hassan”, declarou um alto funcionário dos serviços secretos israelitas. “Sabemos que com este tipo de banco, desligado do sistema internacional SWIFT, paga salários dentro da sua organização e é utilizado por muitos civis libaneses”, acrescenta.

De acordo com este alto funcionário dos serviços secretos israelitas, o Irão transfere mensalmente dinheiro para o Hezbollah e diplomatas simpatizantes daquela milícia entram no país com dinheiro nas malas, garante, realçando existirem provas.

Este sábado, um ataque com drones do Hezbollah contra a cidade de Caesarea, que atingiu uma residência privada do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, levou Israel a intensificar as ameaças contra o Irão.

“Os agentes do Irão que tentaram assassinar-me, a mim e à minha mulher, cometeram hoje um erro amargo”, reagiu Netanyahu. Já durante o dia de domingo o ministro da defesa israelita, Yoav Gallant, anunciou que Israel está a destruir posições do Hezbollah em todas as aldeias ao longo da fronteira entre os dois países, locais que aquela formação libanesa “queria usar como bases para lançar ataques contra Israel”.

Recorde-se que estes ataques ocorrem dias depois do anúncio da morte de Yahya Sinwar, líder e principal mentor do ataque do Hamas a Israel a 7 de outubro de 2023, no âmbito de uma “operação de rotina” israelita.