A Presidente pró-ocidental Maia Sandu fala de um “ataque sem precedentes à liberdade e à democracia ” na Moldova por “forças estrangeiras”, quando 98,33% dos votos estavam contados no referendo sobre a adesão à UE da antiga República soviética, também conhecida por Moldávia.

Os moldavos foram às urnas no domingo, para votar nas eleições presidenciais e num referendo à UE. Tratou-se de momento chave no braço de ferro entre a Rússia e o Ocidente sobre o futuro do pequeno país do sudeste europeu, que tem cerca de 2,5 milhões de pessoas e é independente desde 1991.

Com cerca de 98% dos votos contabilizados, 50,03% dos moldavos tinham votado “sim”. É o que mostram os resultados divulgados no site da comissão eleitoral da Moldávia. Os números poderão ainda mudar, uma vez que os votos ainda estão a ser contados entre a grande diáspora moldava, que é favorável à adesão à UE, lembra o jornal “The Guardian”. A margem mínima faz prever pedidos de recontagem.

Sandu vai à segunda volta com candidato pró-russo

Já no que diz respeito às eleições presidenciais, a Presidente em exercício, Sandu, foi a mais votada na primeira volta, com cerca de 41,92%, mas enfrentará, na segunda volta, o seu concorrente mais próximo, Alexandr Stoianoglo, um antigo procurador apoiado pelos socialistas pró-Rússia. A disputa acontece a 3 de novembro.

A dupla votação num dos países mais pobres da Europa foi vista como teste crucial à agenda pró-europeia de Sandu, uma vez que a Presidente apelou aos moldavos para que votassem “sim” no referendo para afirmar a adesão à UE como objetivo constitucional “irreversível ”. Ao que tudo indica, porém, o “sim” vencerá por estreita margem.

As sondagens pré-eleitorais indicavam que Sandu mantinha vantagem confortável sobre o seu principal rival, Stoianoglo, e outros nove candidatos. Os inquéritos realizados antes da ida às urnas também sugeriam que cerca de 60% dos eleitores apoiavam o caminho para a UE. Em ambos os casos, pecaram por excesso.

Sandu, antiga conselheira do Banco Mundial, de 52 anos, foi eleita Presidente pela primeira vez em novembro de 2020, aproveitando uma onda de popularidade como reformadora anticorrupção, com uma agenda pró-europeia. Desde a dissolução da União Soviética, a Moldova tem gravitado entre rumos pró-ocidentais e pró-Rússia, mas Sandu acelerou os esforços para escapar da órbita de Moscovo, sobretudo quando a Rússia lançou a sua guerra na Ucrânia.

A “guerra híbrida” de Moscovo

As autoridades moldavas têm responsabilizado Moscovo e os seus representantes por uma intensa campanha de “guerra híbrida” para desestabilizar o país e inviabilizar o seu caminho para a UE. Sandu referiu-se aos resultados de domingo como obra de “grupos criminosos” que tentaram “minar um processo democrático”.

Em conferência de imprensa na capital, Chisinau, a chefe de Estado afirmou: “Grupos criminosos, juntamente com forças estrangeiras, hostis aos nossos interesses, atacaram o nosso país com dezenas de milhões de euros, mentiras e propaganda, com os meios mais miseráveis ​​para conduzir os nossos cidadãos e o nosso país para uma zona de incerteza e instabilidade. Temos provas e informações de que o objetivo do grupo criminoso era comprar 300 mil votos. A escala da fraude não tem precedentes”.

“Estamos a aguardar os resultados finais e responderemos com decisões firmes”, prometeu a líder, que tem acusado Moscovo de financiar grupos pró-Kremlin, a difusão de desinformação, a intromissão nas eleições locais e o apoio a um grande esquema de compra de votos. As autoridades moldavas acusaram também o empresário fugitivo pró-russo Ilan Shor, forte opositor da adesão à UE, de conduzir uma campanha desestabilizadora a partir de Moscovo.