Foi uma defesa de Paulo Rangel, mas sobretudo um aviso para que ninguém coloque em causa a “repartição de responsabilidades” que existe entre políticos e militares na sociedade portuguesa. Em causa está um episódio, ocorrido na base aérea de Figo Maduro, entre o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, e o chefe de Estado Maior da Força Aérea, general Cartaxo Alves, que já levou o PS e o Chega a pedirem audições no Parlamento.

“Acho uma tonteria criar aqui um caso e achar que o Governo porá em causa duas coisas: primeiro, a credibilidade e confiança no ministro Paulo Rangel no governo e, em segundo lugar, - à boleia de incorreções em notícias - fazer eclodia em Portugal, 42 anos depois da revisão constitucional de 1982, aquilo que é a repartição de responsabilidades entre o poder político e poder militar. Aqueles que o querem fazer vão ter de o fazer sozinhos”, afirmou o primeiro-ministro, em Faro, depois da Cimeira Ibérica. A revisão constitucional de 1982 acabou com o Conselho da Revolução e estabelece a separação entre o poder político e as Forças Armadas.

Questionado pelos jornalistas se mantinha a confiança a confiança no ministro, Montenegro foi veemente: “Se há aqui alguém que quer abanar o Governo e abanar a presença do ministro Paulo Rangel no Governo, vá treinando porque tem muito que fazer.” E, perante a insistência dos jornalistas que também o questionaram sobre o artigo crítico do almirante Silva Ribeiro sobre o mesmo episódio, o primeiro-ministro começou logo por perguntar se o ex-chefe de Estado Maior General das Forças Armadas estava no local para ter conhecimento sobre o assunto.

Já ele, Montenegro, disse que conhece o episódio “com minúcia”, mas escusou-se a falar dele, remetendo os esclarecimentos para a audição parlamentar que deverá ocorrer.