"Num mundo justo, veríamos um movimento emergir a favor destes países mais pobres para que isso acontecesse outra vez", disse o filantropo em entrevista à atgência de notícias Associated Press, referindo-se à iniciativa de perdão de dívida, em 2005, que perdoou 40 mil milhões de dólares (quase 36 mil milhões de euros) de dívida de 18 países ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial.
Na entrevista, Bill Gates considerou que "há menos dinheiro a ir para África numa altura de necessidade", seja para alívio da dívida, vacinas ou para reduzir a má nutrição, vincando que em termos percentuais, o dinheiro que vai para a Ucrânia é "substancial".
Apesar da estagnação no progresso rumo aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, Gates mantém a esperança de que as coisas melhorem: "Eu sou um otimista, acho que podemos dar uma segunda hipótese à saúde global, mesmo num mundo onde os vários desafios concorrem pelas poupanças e obrigam os governos a esticar os seus orçamentos".
Em abril, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico disse que os números preliminares de 2023 mostravam que a ajuda ao desenvolvimento dada pelos países mais ricos tinha aumentado todos os anos desde 2019, mas a percentagem que foi para os países africanos caiu, em 2022, para 25%, o nível mais baixo dos últimos 20 anos.
A redução da ajuda surge num contexto em que os países de médio e baixo rendimento, incluindo em África, estão a gastar mais dinheiro para pagar as dívidas, apontou um relatório das Nações Unidas de junho, segundo o qual o fardo da dívida estava a limitar o que os países deveriam gastar em serviços básicos como a saúde, a educação e ação climática.
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