Uma caixa. Lá dentro, telefones, um tubo de metal, ferramentas de construção e... uma carta. “Querido mundo”, era a dedicatória.

“Tentei assassinar Donald Trump, mas falhei-te. Dei o meu melhor e empreguei toda a coragem que consegui. Agora cabe-te a ti terminar este trabalho; oferecerei 150 mil dólares a quem conseguir completar a tarefa”, dizia a missiva.

Foi esta a encomenda que recebeu uma pessoa, que não foi identificada pelas autoridades. O remetente? O homem que, a 15 de setembro, tentou matar Donald Trump, no campo de golfe de West Palm Beach, na Flórida.

United States District Court Southern District Of Florida/Reuters

A revelação foi feita, esta segunda-feira, pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos da América. Terá sido o destinatário da encomenda a contactar as autoridades e a denunciar a situação.

Os procuradores norte-americanos responsáveis pelo caso procuram, com estes novos dados, sustentar a tese de que o suspeito, Ryan Wesley Routh, de 58 anos, tinha um plano premeditado para assassinar Trump e que representa uma ameaça à segurança pública.

Uma lista deixada no carro e registos telefónicos suspeitos

Um argumento ajudado ainda mais pelas descobertas que foram feitas no carro do homem. Segundo os procuradores, o suspeito tinha uma lista, escrita à mão, com datas e locais onde Donald Trump iria fazer aparições. Havia também, de acordo com a AFP, seis telemóveis (um dos quais com pesquisas que sugerem um eventual posterior plano de fuga para o México).

Foi ainda encontrado um caderno com posições críticas aos governos da China e da Rússia e com notas sobre como lutar em defesa da Ucrânia na guerra, além de um livro no qual eram criticadas as políticas internacionais levadas a cabo por Trump durante a presidência deste.

O caso é também ajudado pelos registos telefónicos do suspeito, citados pelo Departamento de Justiça norte-americano. Indicam que Routh viajou para West Palm Beach em meados de agosto e que esteve perto do clube de golfe de Trump e da residência do candidato republicano em Mar-a-Lago por várias vezes, no mês que antecedeu a tentativa de assassinato.

Detido antes sequer de disparar

Ryan Wesley Routh foi detido, no campo de West Palm Beach, no passado dia 15 de setembro, antes de conseguir sequer disparar contra Donald Trump.

De acordo com as autoridades, a tentativa não foi bem-sucedida porque um agente dos Serviços Secretos avistou a espingarda que apontava por entre os arbustos do campo de golfe.

Pelo perfil traçado do suspeito, sabe-se que é um cidadão norte-americano de 58 anos que já tinha votado em Trump, em 2016, mas que agora seria um apoiante dos democratas. Tinha também sido já alvo de múltiplos processos-crime, sendo condenado por posse de arma, posse de artigos roubados e atropelamento e fuga.