As mortes causadas no estado da Flórida pelo furacão “Milton”, que ainda ameaça o sudeste dos Estados Unidos com tempestades ciclónicas, aumentaram para pelo menos dez, cinco das quais devido a tornados ocorridos antes de este tocar terra.

Até ao momento, foram confirmadas cinco mortes no condado de St. Lucie, na costa leste da Flórida, onde tocaram terra "tornados de rotação rápida" antes da chegada do furacão “Milton”.

Segundo as autoridades, as pessoas morreram depois de vários tornados desencadeados pelo “Milton” terem afetado a região, na tarde de quarta-feira, e terem atingido um centro de idosos de Spanish Lakes Country Village, situado no norte de Fort Pierce.

O xerife do condado, Keith Pearson, confirmou à comunicação social que as equipas de busca e salvamento estão "no processo de localizar mais vítimas, uma vez que estes tornados deixaram centenas de casas danificadas ou totalmente destruídas em todo o condado".

Entretanto, o xerife de Volusia, Michael J. Chitwood, confirmou a morte de mais três pessoas nessa região do leste do estado. Outras duas mortes ocorreram em St. Petersburg, na costa oeste da Florida, que o “Milton” atingiu na noite de quarta-feira. O furacão tocou terra na quarta-feira à noite em Siesta Key, perto da cidade de Sarasota, com ventos máximos sustentados de 205 quilómetros por hora, o que corresponde a categoria 3.

O “Milton” é o segundo furacão a atingir a Flórida em quase duas semanas, após o impacto do poderoso furacão “Helene”, a 26 de setembro, que entrou pelo noroeste do estado com categoria 4, deixando mais de 250 mortos e um rasto de devastação em seis estados do sudeste dos Estados Unidos.

Os pedidos de indemnização por danos materiais na sequência da passagem do “Milton” pela costa do Golfo da Flórida poderão ter um impacto nas seguradoras de entre 50 mil milhões e 60 mil milhões de dólares (entre 46,8 mil milhões e 55 mil milhões de euros), segundo o sector, que está preparado para dar resposta a estes valores, de acordo com várias estimativas hoje divulgadas. Contudo, tais custos terão repercussões na indústria de seguros mundial, sustenta a revista Insurance Business, que estima que o valor pode atingir os 60 mil milhões de dólares.

O “Milton” atravessou a península da Flórida de oeste para leste entre quarta-feira e esta quinta-feira, deixando no seu rasto graves inundações provocadas pela chuva e pela tempestade, destruição e centenas de milhares de pessoas deslocadas.

Segundo analistas da RBC Capital, as perdas poderão ser comparáveis às causadas pelo furacão “Ian”, que atingiu a Flórida em 2022, o que classifica o “Milton” como um dos mais dispendiosos desastres naturais que atingiram aquele estado norte-americano.

Mas crê-se que o sector conseguirá absorver o impacto dos custos com base em novas apólices melhoradas, ganhos diversificados e reservas financeiras mais fortes, observou a Insurance Business. Por seu lado, os analistas do Barclays calcularam que as perdas decorrentes do “Milton” para as seguradoras poderão exceder os 50 mil milhões de dólares.

Nos últimos anos, as companhias de seguros têm enfrentado perdas devido a este tipo de ocorrências, o que levou as seguradoras e as resseguradoras (que fornecem seguros às seguradoras) a aumentarem os preços e a tornarem mais rigorosas as condições para as propriedades de maior risco.

De acordo com a mesma revista, as ações de resseguradoras globais, como Swiss Re, Munich Re e Lloyd's of London, Beazley, Hiscox e Lancashire, registaram quedas nos últimos dias. A RBC considera que os valores das ações irão recuperar com o aumento das taxas de resseguro.