A greve dos trabalhadores não docentes, esta sexta-feira, está deixar milhares de alunos sem aulas ao fechar "muitas" escolas pelo país. Os funcionários, que têm ordenados "miseráveis", dizem-se desvalorizados. A greve é marcada por uma marcha em direção ao Ministério da Educação, em Lisboa.

Os trabalhadores não docentes com menos de 30 anos de serviço ganham o ordenado mínimo nacional, adianta Orlando Gonçalves, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte (STFPSN), em entrevista à SIC. Este valor é "um bocadinho" superior (50 ou 100 euros brutos) para os funcionários que têm mais de três décadas de trabalho, mas insuficiente.

"Trinta anos de serviço e ganham quase o salário mínimo nacional. É um salário miserável", afirma, acrescentando que estes profissionais estão estagnados "há imensos anos".

Orlando Gonçalves acusa o Governo de voltar atrás com a palavra. Lamenta que o setor tinha uma reunião marcada com o ministro da Educação para dia 28 de agosto, mas foi desmarcada pela tutela e não voltou a ser convocada.

"O Sr. ministro tinha dito antes das férias que era necessário valorizar estes trabalhadores. Mas depois das férias disse que não havia programa no Governo a criação desta carreira e que também achava que não era necessário", refere.

No caso do Agrupamento Dona Mafalda, em Gondomar, a greve obrigou ao fecho das cinco escolas. À Lusa, o coordenador do sindicado indica que a greve está a encerrar "muitas outras pelo país fora".

"Estas [do agrupamento] estão todas fechadas como se previa. Este é também um dos concelhos onde há mais falta de trabalhadores. Mas há mais e muitas pelo país todo (...). Os trabalhadores [não docentes] estão tristes porque veem algumas carreiras a serem valorizadas, nomeadamente na educação, mas eles nada", diz Orlando Gonçalves, do STFPSN.

O pessoal não docente é "fundamental" para o funcionamento das escolas e para o bem-estar dos alunos, destaca.

Já em Oeiras, o Agrupamento de Escolas de Carnaxide está a funcionar "a meio gás". Apesar de não haver aulas em alguns níveis de ensino, os alunos poderão ficar no espaço escolar, adianta o diretor do agrupamento, António Seixas.

O responsável diz que os trabalhadores não docentes do concelho de Oeiras têm "outros incentivos", como mais dias de férias e medicina do trabalho. Nesse sentido, acredita que estão a fazer greve por se tratar de uma luta nacional.

Greve marcada por marcha em Lisboa

Os trabalhadores não docentes realizam, esta sexta-feira, uma greve nacional por melhores condições de trabalho. Foi convocada pela Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (FNSTFPS).

Vai haver uma manifestação em Lisboa, que começa às 14:30 junto à Basílica da Estrela. Os trabalhadores em luta dirigem-se depois, em marcha, até ao edifício do Ministério da Educação, na Avenida 24 de julho.

Após uma concentração em Rio Tinto, no concelho de Gondomar, dezenas de trabalhadores não docentes do Norte seguiram de autocarro para Lisboa para participar na manifestação.

O que exigem os trabalhadores não docentes?

  • Criação de carreiras especiais
  • Aumentos salariais
  • Melhores condições de trabalho
  • Revisão da portaria de rácios que aumente o número de trabalhadores

Com Lusa