PARIS – É numa prova ao vivo de natação que se percebe o que são 20 segundos. Porque basta distrairmo-nos com o ambiente incrível de uma Arena La Défense; com o bruááá do público quando os nadadores se lançam à água e… já se perdeu o toque na parede.

Felizmente, antes de Diogo Ribeiro se estrear numa semi-final olímpica, a dos 50 metros livres, deu para perceber tudo com a primeira série, vencida por Jordan Cooks, das Ilhas Caimão, que bateu o super-favorito Caleb Dressel, ao concluir em 21.54 segundos, menos quatro décimos que o norte-americano.

Ora, o nadador português sabe bem o que são 20 segundos. Porque ele está entre os melhores nadadores do mundo, ainda que esteja a viver os primeiros Jogos Olímpicos e aquela fosse a estreia em semi-finais.

Mas esqueceu-se por instantes daquele tic-tac que anda ainda mais depressa para quem está a tentar chegar aos oito melhores nuns Jogos Olímpicos.

«Não correu eu como estava à espera: o que correu mal? Talvez a chegada… a preocupação sem ser com a minha prova. Estava a pensar nos outros e quando é assim, as provas não correm bem», admitiu na zona mista, depois de ter ficado com o 16.º tempo da semi-final (22,01s).

Apesar de claramente desapontado, o português de 19 anos assumiu que nadar à noite numa competição olímpica era algo com que sonhava desde sempre. Afinal, isso significa que está entre os melhores.

«É a minha primeira vez nos Jogos Olímpicos e estar a nadar na sessão da tarde… Sempre foi um sonho estar aqui. Conseguir estar a nadar à tarde ainda é melhor. Mas não vou mentir: gostava de nadar a final, obviamente», reconheceu, admitindo que valeu pela aprendizagem.

«Mas não perdi nada, ganhei experiência e aprendi uma lição, outra vez: preocupar-me só com a minha prova e não com aquilo que os outros estão a fazer» reforçou.

De resto, Diogo pode utilizar essa lição já nesta sexta-feira, quando voltar a entrar na piscina para as eliminatórias dos 100 metros mariposa, a prova na qual chega a Paris com mais expectativas, depois de ter sido campeão do mundo, em fevereiro. Até porque o nadador do Benfica garante que o resultado desta quinta-feira não o afetará minimamente.

«Será é um estilo diferente. Só tenho nadado crawl até agora. Mas sigo tranquilo. Os resultados não estão a sair como eu esperava e fica um sabor amargo. Mas tenho mais uma prova amanhã [sexta-feira] e agora é esquecer o que se passou aqui, e focar nos 100m mariposa, que é a minha prova», referiu.

Diogo Ribeiro afasta, contudo, a pressão colocar uma meta.

«Tudo é possível. Posso chegar à final e ficar nas medalhas, como posso nem passar a primeira eliminatória. Isto são os Jogos Olímpicos, estão cá os melhores e todos estão para ganhar», resumiu.

Ora aí está uma lição que já vem bem estudada. Agora há mais uma.