Dois golos marcados. É este o registo ofensivo de Boavista e Estoril - juntos - à quarta jornada. E este jogo - 0-0 - foi um bom exemplo disso, mas com algumas diferenças de parte a parte.

À sombra da expressão «Muita parra, pouca uva», os axadrezados quiseram muito inaugurar o marcador, mas não andaram de mãos dadas com a eficácia. As panteras tentaram, chutaram e lutaram com tudo o que tinham. Os canarinhos, por outro lado, pareceram quase sempre satisfeitos com o rumo do jogo.

Cristiano Bacci fez algumas alterações em relação ao onze havia utilizado até aqui. Bruno Onyemaechi deu lugar à entrada de Seba Pérez, mas o treinador italiano não se ficou por aí. Vukotic apareceu encostado à direita - surpresa da noite -, Filipe Ferreira ocupou a vaga de defesa-central pela esquerda, Seba, naturalmente, no meio-campo, e, outra das surpresas, Joel Silva como lateral esquerdo.

O treinado escocês, Ian Cathro, também promoveu algumas alterações em relação ao jogo com o Gil Vicente. Entraram Wagner Pina, João Carvalho e Fabrício, para os lugares de Pedro Carvalho, Michel e Yanis Begraoui.

Cheios de garra

Uma pantera cheia de garra, foi o que os adeptos axadrezados puderam ver nos primeiros 45 minutos. Uma entrada forte e pressionante, mais em 4-3-3 do que o habitual 4-5-1 - Vukotic e Agra a chegarem-se mais à frente -, com ideias de jogo bastante simples e eficazes. E garra, muita garra.

Vukotic apareceu à direita, umas das surpresas do Boavista, e é seguro afirmar que foi a principal figura da formação de Bacci na primeira metade. Ian Cathro e o seu Estoril nunca pareceram capazes de se ajustarem defensivamente a esta nova ‘nuance’ das panteras.

Aos três minutos e aos dez, em lances idênticos, o médio montenegrino deu calafrios ao guardião canarinho. Da direita para a esquerda, de fora para dentro, no primeiro lance ia fazendo um golaço, e no seguinte obrigou Joel Robles a uma defesa apertada.

Salvador Agra foi uma dor de cabeça @Rogério Ferreira / Kapta+

A turma de cascais ia tentando ter bola em zona ofensiva - com Wagner Pina e Pedro Amaral incorporados no ataque e a dar largura -, mas quase sempre sem qualquer perigo para João Gonçalves.

O lance de maior perigo na primeira parte surge exatamente de um momento de posse do Estoril. Perda da posse enquanto a equipa estava desequilibrada e balanceada na frente, resultou em mais um contra-ataque do Boavista. Bozenik apareceu na cara de Robles - gigante defesa do guardião - e Vukotic, na recarga, não conseguiu inaugurar o marcador com a baliza escancarada.

A Pantera bem tentou

Se nos primeiros 45 minutos a partida estava interessante e com algumas oportunidades, a segunda não começou assim. O Boavista mudou algumas peças no esquema tático com a entrada de Onyemaechi aos 55 minutos. Joel Silva passou para a direita e Vukotic para o meio-campo.

O Estoril também ajustou e protegeu-se das contraofensivas axadrezadas - com a entrada de Pedro Carvalho para a lateral direita, onde Salvador Agra estava a criar bastante perigo ao explorar as costas de Wagner Pina.

As panteras de Bacci iam criando perigo pelo lado esquerdo - a entrada de Bruno Onyemaechi trouxe profundidade e agressividade ofensiva -, com alguns cruzamentos e jogadas de insistência. Joel Robles e a defesa canarinha resolveram quase sempre sem grandes problemas.

Empurrados pelo caldeirão do Bessa, os axadrezados iam tentando chegar ao golo. Ora à lei da bomba por Abascal, ora com Salvador Agra, ora com Gonçalo Almeida, ora com um golo cantado em que Pedro Gomes não conseguiu dar a melhor direção ao remate. Tentaram tudo.

Destaque para a, praticamente nula, capacidade ofensiva dos estorilistas - ou não fossem um dos piores ataques do campeonato com apenas um golo marcado. João Gonçalves teve uma noite muito tranquila.