Vasco Vilaça, Melanie Santos, Ricardo Maria e Maria Tomé terminaram a prova de estafeta mista dos Jogos Olímpicos de Paris na quinta posição, conquistando, assim, o diploma olímpico - entregue aos oito primeiros classificados de cada prova.
Depois dos dois treinos de adaptação ao rio Sena terem sido canceladas, devido à qualidade da água, os organizadores decidiram mesmo avançar com a prova.
Depois do quinto e sexto lugar na prova masculina de Vasco Vilaça e Ricardo Batista, respetivamente, e do 11.º de Maria Tomé na feminina, a estafeta mista portuguesa, que terá ainda Melanie Santos, terminou o trajeto, que incluía 300 metros de natação, sete quilómetros de natação e 1,8 de corrida, em 1:27:08.
No total, 15 nações participaram na prova, que foi conquistada pela Alemanha. No segundo e terceiro postos ficaram os Estados Unidos da América e a Grã-Bretanha, respetivamente.
O triatlo português sai de Paris com três diplomas e ainda o 11.º lugar de Maria Tomé, naqueles que são os melhores resultados conjuntos de sempre da modalidade em Jogos Olímpicos.
Depois de Nelson Oliveira no ciclismo de pista, Ricardo Batista e Vasco Vilaça no triatlo, Inês Barros no tiro com arco e Gabriel Albuquerque nos trampolins, Portugal conquistou agora o seu sexto diploma nos Jogos Olímpicos de Paris. A estas conquistas soma-se ainda a medalha de bronze da judoca Patrícia Sampaio.
Triatleta belga adoeceu após competição
A triatleta belga Claire Michel, 38.ª na prova individual, na quarta-feira, adoeceu, após a competição, e a sua equipa retirou-se da estafeta mista, o que levou a organização a avaliar se a prova desta segunda-feira deveria, ou não, realizar-se.
Inicialmente, como sucedeu com a prova masculina, que foi adiada em um dia, a decisão de disputar a prova estava prevista para a madrugada de segunda-feira, mas, "dando resposta aos pedidos das equipas de triatlo, para dar mais tempo aos atletas se prepararem", promoveu-se uma reunião no domingo, às 19:00 locais (18:00 em Lisboa).
"Os últimos resultados das análises confirmam que a qualidade da água do Sena, na área do triatlo, melhorou nas últimas horas, e as análises prospetivas indicam que a qualidade da água vai estar nos limites aceitáveis da World Triathlon", anunciou hoje a organização dos Jogos no domingo.
"Fizemos uma prova incrível"
Ricardo Batista, Melanie Santos, Vasco Vilaça e Maria Tomé mostraram-se orgulhosos com a "prova incrível" na estafeta mista de triatlo de Paris 2024 e com o quinto lugar na estreia de Portugal nesta prova em Jogos Olímpicos.
"Eu acho que nós acabámos por estar nervosos desde o início até ao fim, mas eu acho que fizemos uma prova incrível. Todos estivemos no nosso melhor", disse Melanie Santos, lembrando que Portugal manteve "sempre o contacto com as medalhas".
Apesar do quinto lugar, a mais experiente dos quatro triatletas, que fez a segunda parte da estafeta, diz que têm de "ser realistas, foi uma grande prova", em que todos estiveram "muito bem", considerando que "um diploma olímpico na estreia é incrível".
"Tanto o triatlo como Portugal têm que estar bastante orgulhosos, como acho que qualquer um de nós está pela performance que a nossa equipa teve", admitiu.
Ricardo Batista sofreu penalização
Ricardo Batista abriu a competição para Portugal e sofreu logo uma penalização de 10 segundos, por um falsa partida, algo com que conseguiu "lidar da melhor maneira", com Portugal a conseguir estar sempre "perto dos lugares cimeiros da competição".
"Foi, sem dúvida, uma prova bastante boa de todos os elementos da estafeta e, para uma estreia desta competição para Portugal, acho que não podíamos pedir um melhor resultado. Estivemos todos bastante bem e saímos daqui bastante contentes", afirmou.
Ricardo Batista, que foi sexto na prova individual, garante que todos estão "bastante satisfeitos com o diploma", embora admita que, com Portugal perto dos lugares do pódio, "estava já a acreditar numa medalha".
A terceira parte da estafeta ficou a cargo de Vasco Vilaça, que disse que "é muito bonito" o triatlo sair de Paris com três diplomas, em especial por todos os elementos da equipa o terem conseguido, depois do seu quinto lugar na prova individual, na qual Ricardo Batista foi sexto.
"É algo que poucos outros desportos conseguem fazer e mostra o potencial que o triatlo tem, não só nestes Jogos, neste momento, mas para o futuro", assumiu Vilaça, que confessou que todos sonharam "sempre até ao fim".
Sobre a prova, o triatleta de 24 anos diz que deu "tudo o que tinha, depois da prova da Melanie e do Ricardo, que correram bastante", apenas lamentando não "ter deixado um bocadinho mais de espaço para a Maria [Tomé] sair com a atleta americana", para poderem alimentar "até ao fim" o sonho da medalha.
"Foi maravilhoso"
Maria Tomé segurou o quinto lugar para Portugal, embora admita que "fazer o último percurso é sempre uma grande responsabilidade".
"Mas acho que, no final do dia, foi o melhor que conseguimos e eu estou muito contente, eu espero que eles também, e acho que eles também estão, e foi maravilhoso", referiu.
Depois de receber o terceiro lugar de Vasco Vilaça, Maria Tomé tentou manter-se perto da norte-americana Taylor Knibb, que tem um percurso de bicicleta "muito forte", "para segurar o lugar perto do pódio".
"Não deu, mas foi tentar fazer os melhores outros dois segmentos possíveis e eu acho que o quinto já foi superbom e estamos supercontentes", disse a jovem de 23 anos, que fez toda a bicicleta a 'solo', mas que acabou por conseguir "fazer uma corrida sólida e assegurar o quinto lugar na estreia".
Os Jogos Olímpicos de 2028, que serão disputados em Los Angeles, são para o quarteto luso um objetivo.
"Mas são sonhos e os sonhos vão continuar, nós não vamos deixar de sonhar. Tenho a certeza absoluta que em Los Angeles, esteja lá eu ou esteja lá outra equipa, o triatlo português continua a sonhar", garantiu Vasco Vilaça.
O quinto classificado na prova individual assegurou que "não houve detalhe nenhum" que tenha deixado Portugal fora das medalhas e que apenas é preciso mais trabalho.
"Não passa por um detalhe, passa por trabalho que vai demorar quatro anos a melhorar. Diria que um detalhe, no fim, é uma coisa que se calhar são 0,01 segundos e o tempo que nós tínhamos de diferença é tempo de trabalho, é tempo de trabalho de tudo, natação, de ciclismo, corrida, para melhorar e chegarmos, esperemos nós a Los Angeles ainda em melhores condições", disse.
"Vamos também lutar por lugares melhores em Los Angeles"
Ricardo Batista, sexto na prova individual, recordou que são uma equipa bastante jovem e que ainda têm muito para trabalhar para daqui a quatro anos, em Los Angeles, tentar fazer ainda melhor do que na capital francesa.
"Acho que nós somos todos atletas que acabámos agora de sair - bem praticamente todos - do escalão de juniores, a Melanie também, ela ainda é uma jovem. Portanto, acho que, nestes quatro anos, tudo aponta que vamos melhorar a nossa forma e por isso vamos também lutar por lugares melhores em Los Angeles", declarou.
Maria Tomé disse esperar que esta prestação possa trazer mais jovens para a modalidade, que cresceu em Portugal muito por culpa de Vanessa Fernandes, que Vasco Vilaça assumiu ser o grande ídolo desta equipa, defendendo que sem a medalha de prata em Pequim2008 "não havia esta estafeta".
"Vi depois da prova [individual] , quando estive em casa, que ela própria tinha deixado umas palavras de agradecimento e que tinha ficado em lágrimas também. Acho que isso mexe muito connosco também e é muito bonito, porque ela é o nosso ídolo, não é? Não estamos nós à espera de nenhuma forma que ela se vá comover com o que nós fizemos e com o que estamos a fazer e é muito bonito ter esse apoio de volta do lado dela", referiu Vilaça.
Com Lusa