O antigo diretor de comunicação do FC Porto recorreu às redes sociais para acusar a atual Comissão Executiva dos dragões de «omissão dos salários» no Portal da Transparência.

Francisco J. Marques começa por escrever que a nova plataforma é «uma excelente iniciativa se for prestada informação correta e devida». «Se assim não for serve para atirar areia para os olhos e fazer propaganda. Infelizmente, parecer ser esse o caso com a omissão dos salários dos elementos da Comissão Executiva», acrescenta.

Francisco J. Marques contextualiza depois que a anterior administração tinha cinco elementos executivos, que recebiam um salário «que era público», através dos relatórios e contas, e que os membros não executivos «recebiam senhas de presença».

«Pelo Portal da Transparência ficamos a saber que o presidente André Villas-Boas não recebe salário da SAD, ficamos a saber o salário do administrador Pereira da Costa, mas escondem-nos os salários dos outros três membros da Comissão Executiva, o que é muito pouco transparente», aponta o antigo diretor de comunicação, referindo-se a João Begonha Borges, José Luís Andrade e Tiago Madureira.

«Assim é fácil dizer que se diminuiu o gasto em salários, mas apenas porque se recorreu a um expediente de mudar os nomes dos cargos. Só tornando públicos os salários dos elementos da Comissão Executiva, que são profissionais, que exercem a tempo inteiro, haverá transparência. Não o fazendo é um enorme embuste para enganar os sócios do FC Porto. Divulgar as remunerações de João Begonha Borges, José Luís Andrade e Tiago Madureira é uma obrigação. Se não for feito significa que afinal a anterior direção era mais transparente do que a atual», refere depois Francisco J. Marques,

Francisco J. Marques destaca depois o valor de 350 mil euros anuais da renumeação de Pereira da Costa. «Recebia mais do dobro na NOS, de onde saiu em novembro de 2023, mas não deixa de ser estranho que numa entidade com uma débil situação financeira um salário acima dos 300 mil euros anuais justifique um subsídio de alojamento», apontou.

Francisco J. Marques escreve depois que saber o vencimento de apenas um elemento da Comissão Executiva «de transparente não tem nada», e faz um comparativo entre estruturas: «No mandato de Pinto da Costa o futebol era dirigido pelo próprio, por Luís Gonçalves e por Vítor Baía, todos com salários públicos. Agora, o futebol é dirigido por André Villas-Boas (sem salário), Zubizarreta e Jorge Costa, com salários desconhecidos. Qual é mais transparente?».

É referido ainda que, da anterior administração não executiva, apenas Rita Moreira recebia senhas de presença, num total de seis mil euros no último exercício, e que «na nova SAD os três administradores não executivos vão custar, segundo o Portal da Transparência, em cada ano um total de 136.500 euros, um crescimento superior a 22 vezes». «O que, se calhar, justificava uma explicação pública», acrescenta ainda Francisco J. Marques, que aponta depois «outra novidade»: «o contrário do que acontecia com Lourenço Pinto, que não era remunerado, António Tavares vai receber 5.000 euros por cada AG da SAD (2.500 para o primeiro-secretário Jorge Manuel Basto). Falta saber se as AG do clube também são remuneradas.»

O antigo responsável pela comunicação portista defende ainda que «os sócios têm o direito de saber se há e qual o valor das despesas de representação destes dirigentes, seja através de cartões de crédito, seja através de outras formas de retribuição». «Para já o Portal da Transparência é omisso em relação a isso, o que parece indicar que ao salário dos membros da Comissão Executiva acresce os chamados DRP (para quem não sabe foi assim que no Benfica Domingos Soares Oliveira “casou” a filha), o que é muito pouco transparente», escreve ainda.