Três jogos consecutivos sem sofrer golos não é novidade no FC Porto de Vítor Bruno: entre as jornadas 1 e 3 do campeonato, os dragões pareciam mais estáveis que nunca ao alcançarem três triunfos sem que Diogo Costa fosse buscar a bola ao fundo da baliza. A sequência obtida contra o Gil Vicente (3-0), Santa Clara (0-2) e Rio Ave (2-0) trouxe à ribalta a dupla Zé Pedro/Otávio, aparentemente à prova de bala até surgir o clássico com o Sporting, em Alvalade.
Derrota por 2-0 frente aos leões, com o central brasileiro a comprometer e, na jornada seguinte, a cometer novo erro crasso com o Farense, que se revelaria fatal para Otávio. Nunca mais foi opção e já lá vai mês e meio.
Num contexto de calendário completamente diferente, o FC Porto aborda o Moreirense vindo de um ciclo de três desafios sem sofrer golos, onde apareceram novos protagonistas no eixo da defesa: o implacável Nehuén Pérez, mas especialmente Tiago Djaló, que na estreia pelo FC Porto frente ao Sintrense, para a 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, fechou a contagem da vitória por 3-0 dos dragões sobre aquele conjunto do Campeonato de Portugal.
Hoffenheim (2-0) e Aves SAD (0-5) reforçaram o registo defensivo do FC Porto, que como Vítor Bruno vem explicando não se deve apenas ao acerto dos centrais e laterais, mas a todo o envolvimento da equipa, a começar pela pressão exercida por Samu e pelos extremos à saída de bola do adversário.
Sendo a Taça da Liga propícia a mudanças no onze, não será pela baliza que esse registo ficará (em tese, claro) comprometido, porque foi Cláudio Ramos o titular contra o Sintrense, com Diogo Costa a recuperar a sua posição nos compromissos da Liga Europa e campeonato. Ou seja, esta boa série foi alcançada com dois guarda-redes. Contudo, contra um adversário atrevido e sem espartilhos táticos, poderá o FC Porto manter essa solidez mesmo com outros intervenientes e até possíveis regressos.
Sendo conveniente não esquecer que a vitória em Aveiro vale o apuramento para a 'final-four' da Taça da Liga, Vítor Bruno tem a noção de que além de ter se gerir o grupo para as exigências de um calendário impiedoso, há futebolistas com legítimas aspirações de jogar mais, casos de Otávio (o mais gritante), Vasco Sousa, Rodrigo Mora, Franco, Deniz Gul ou Fran Navarro. Uma vez que o treinador não fez a antevisão do jogo, acertar no onze é um exercício com êxito improvável. Importará, ainda assim, perceber se o FC Porto, no seu todo, está realmente mais estanque, seja qual for a versão apresentada, e se a muralha azul e branca se manterá intocada pela quarta vez consecutiva, o que seria um recorde, esta época.
Novo ambiente: o motivo do jogo em Aveiro
Sem claques, devido ao boicote dos grupos organizados de adeptos em protesto contra o novo formato da prova e a possibilidade de a competição ser transferida para «solo estrangeiro», o FC Porto teve de mudar-se para o Municipal de Aveiro, em virtude de um castigo relativo à época passada, por incidentes verificados na 1.ª jornada, a 14 agosto de 2023, quando o FC Porto bateu o Moreirense por 1-2 no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, encontro no qual foram detidos dois adeptos.
Um pelo rebentamento de um petardo que feriu duas crianças. Uma sofreu uma queimadura e outra ficou com perda momentânea de audição. A GNR deteve outro adepto do FC Porto que se envolveu em confronto físico com um simpatizante também portista. Depois de um conjunto de recursos prevaleceu a decisão do Conselho de Disciplina de interditar o Estádio do Dragão por um jogo.