Certezas na vida são poucas, mas para Patrícia Sampaio o judo sempre fez parte do futuro que queria seguir. E foi em Tomar, na cidade em que nasceu, que a judoca começou por dar os primeiros passos na modalidade, nos tapetes da Sociedade Filarmónica de Gualdim Pais, onde partilhou muito do seu tempo pessoal com Igor Sampaio, o irmão que também é treinador e ídolo assumido da atleta luso, sempre com uma moldura de Jigoro Kano, o fundador do judo mundial, presente.
«Tenho uma ligação emocional a este clube [Sociedade Gualdim Pais] e, claro, também passa pelo facto de o meu irmão ser meu treinador, há uma proximidade diferente, que nem toda a gente tem a sorte de ter. Sinto-me muito bem aqui, cresci aqui…», disse à agência Lusa em 2019.
Sorte, talento e trabalho que, muito antes da estreia nos Jogos Olímpicos em Tóquio 2020, a levou a destacar-se na categoria júnior, na qual se sagrou bicampeã europeia. Mas foi também nesse período de tempo que o tempo começou a ser dividido entre Tomar e Lisboa, cidade onde começou a namorar uma possível carreira jornalista ao ingressar no curso de Ciências da Comunicação, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, mas também onde passou grande tempo a treinar, no Centro de Alto Rendimento e no Judo Clube de Lisboa.
E os resultados continuaram a aparecer. Depois de se sagrar campeã europeia, em 2019, conquistou a primeira medalha num Campeonato do Mundo. Foi bronze, o mesmo metal que mordeu em Paris 2024, e repetiu a presença no degrau mais baixo do pódio duas vezes, num total de três 3.º lugares mundiais.
Mas porquê o judo? O que fez Patrícia Sampaio decidir numa continuada visita aos tatamis? «A necessidade de nos reinventarmos constantemente e aprendermos mais e melhor», começou por dizer na apresentação da mesma ao Comité Olímpico de Portugal. «Gosto da resiliência que adquirimos ao superar obstáculos e a sensação que advém disso. Para mim é uma modalidade muito técnica e muito bonita de assistir», reforçou.
Pronta para dar o salto para os séniores, em outubro de 2020, apareceram os primeiros contratempos físicos, já depois de ter feito a estreia em Jogos Olímpicos e após aparecerem as primeiras medalhas a nível internacional (Telavive e Dusseldorf). Só regressou à competição em abril de 2021, em Lisboa, mas uma nova lesão, desta vez uma microrrotura muscular voltou a estragar os planos de Patrícia Sampaio. Pior ainda foi a lesão no ombro direito que contraiu nos Europeus de Sófia, em maio de 2022, num confronto em que lutava por um lugar na final.
Nova lesão, nova longa paragem que testava a resiliência da judoca portuguesa. Contudo, as melhores sensações regressaram e, em pleno território luso, no Grand Prix de Almada, voltou a saber o que é conquistar uma medalha de ouro e a partir daí seguiram-se novas medalhas, arrecadadas nos Grand Slam de Telavive, Tashkent, Antália, Barysy, Ulaanbaatar, sem esquecer o primeiro bronze num Europeu, em novembro, em Montpellier.
Um longo caminho que percorreu e que a deixou com um objetivo para os Jogos Olímpicos de Paris 2024: lutar por uma medalha. E lutou. Lutou tanto que, no dia 1 de agosto celebrou o momento mais alto da carreira, ao ganhar a medalha de bronze em -78 kg.