Domingo é dia de família. É dia de cada um estar com os seus. É dia de os baixos e morenos estarem com os baixos e morenos e de os altos e loiros estarem com os altos e loiros. Pelo menos assim foi no onze do Sporting frente ao AVS. Pela primeira vez, o campeão nacional em título usou uma frente fria do Norte, que não é de todo do agrado das AVS. Conrad Harder e um tal de Gyokeres (pesquisem se não conhecerem, até é um jogador mais ou menos) emparelharam no ataque dos leões e fizeram os três golos da sexta vitória leonina em seis jornadas.

Os dois nórdicos deram-se muito bem, apesar de se notar ainda, como admitiu no final Rúben Amorim, alguma falta de fluidez. Ainda assim, conseguiram conjugar bem os seus movimentos, com a preciosa ajuda de Trincão, muito por dentro, como tem sido apanágio, e, sobretudo de Nuno Santos. Foi a presença no onze do “11” que permitiu tanto conforto a Harder. Ainda para mais sem Pote.

A nova coqueluche do Sporting, no papel, entrou para o lugar que seria de Pedro Gonçalves, mas quase nada do que Pote faz lhe foi pedido. Foi Nuno Santos a dar largura e profundidade, para que Daniel Bragança jogasse mais aberto e fizesse, em muitos parâmetros, as vezes do “8” leonino, o que permitiu que Conrad Harder não jogasse nunca “fora de água”. Assim, pôde jogar por dentro, como gosta, mais perto de Gyokeres e da área, como gosta, e a investir sobre a baliza, como gosta.

O Sporting ganhou bola – e ganhou bolas, muitas vezes – e agressividade no ataque ao último terço, encostando o AVS ao seu cantão defensivo. O plano de Vítor Campelos – fechar bem com uma linha de cinco, ganhar bolas para sair em transição, desdobrando-se num 4-4-2 com Mercado, habitual extremo, na frente de ataque para atacar em velocidade a profundidade (nota para a ausência importante de Nenê) – nunca conheceu uma oportunidade para ser materializado.

O plano de jogo até não foi mal pensado, mas o sufoco leonino foi demasiado grande e o trabalho do AVS durante toda a semana acabou por ser inoculado no domingo à noite. Isto, sim, foi gozar com quem trabalha.

BNR NA CONFERÊNCIA DE IMPRENSA

BnR: Vimos neste jogo Mercado mais na frente de ataque, na ausência de Nenê. Foi uma tentativa de aproveitar a velocidade que lhe conhecemos ou foi por outro o motivo da sua utilização ali? E acabou por não resultar pela incapacidade do AVS de ter a bola depois de a roubar ao Sporting, como dizia anteriormente?

Vítor Campelos: Foi mesmo por esse motivo. Também não temos avançados, temos o Granada, que é um jogador de qualidade, mas está mais dentro da área. Com toda a certeza, o Nenê teria mais capacidade para segurar a bola e permitir que a equipa subisse. O Mercado foi uma adaptação, até porque não podia jogar o Rodrigo por estar emprestado pelo Sporting. Por isso, nós temos de preparar o jogo o melhor possível com o plantel que temos e achámos que essa era a melhor solução.