O presidente do Benfica, Rui Costa, voltou a detalhar todas as movimentações do mercado de transferências numa entrevista à BTV. Recorde-se que foram várias as entradas e saídas do plantel das águias nos últimos meses. Um dos temas finais da entrevista resumiu-se ao ponto financeiro em que o emblema se encontra.
»Esta época vendemos mais do que comprámos. Tivemos 114,7 milhões de receita e 40 milhões de investimento, sendo que poderão acrescer jogadores que vieram com opção de compra. Tivemos um resultado negativo nas contas acima dos 30 milhões de euros e não vou embelezar, não é isso que pretendemos fazer, mas as pessoas têm de perceber que o timing da venda influencia muito», começou por referir.
«Podia estar aqui facilmente com um resultado positivo, mas optámos, de forma racional e pensada, em prescindir do resultado e trabalhar muito melhor em termos económicos. Perdemos muitos milhões de euros por vender mais cedo ou à pressa. O mercado começou mais tarde, fruto do Campeonato da Europa e da Copa América, e não fizemos nenhuma venda até 30 de junho, daí o resultado negativo acima dos 30 milhões.»
«Por exemplo, se tivesse aceite a primeira proposta pelo João Neves, teríamos um resultado positivo mas teríamos perdido muitos milhões. Nós sabemos o que estamos a fazer. Preferimos alongar o mercado para valorizar ainda mais os nossos jogadores. Encaminhámos os resultados do próximo ano. Situação financeira está estável e o Benfica não tem problema nenhum com o fair-play financeiro, os sócios podem ficar tranquilos.»
As comissões nas vendas: «É sempre um tema que suscita muitas dúvidas e discussão e faço questão de explicar de forma a que as pessoas percebam. As indicações da FIFA são para pagar dez por cento nas vendas, finalizámos com 8,9 por cento. Essas comissões estão contratualizadas e não conseguimos ter jogadores de qualidade sem que os seus agentes tenham direito a receber esses valores. Nas entradas pagámos zero por cento novamente, é uma política que seguimos. O resto que pagámos é nos contratos dos jogadores, os agentes têm direito a uma percentagem mas isso acontece em todo o mundo.»
A entrada de Bruno Lage não baralhou mercado: «Ele chegou e já tinha acabado o mercado, não teve influência nessa parte. Quando se faz um plantel, faz-se à imagem do treinador. Sabia que este plantel se moldava muito à imagem do Bruno Lage, sei como ele gosta de ter os plantéis montados e o plantel podia ter sido construído pelo Bruno Lage, acho que ele está satisfeito e a dar rendimento ao mesmo.»
Objetivos para a temporada: «Para representar o Benfica não é preciso ter uma carta escrita com os objetivos de um clube desta dimensão. Temos de lutar afincadamente por todas as competições e o Bruno Lage sabe exatamente o que é representar este clube.»
Demissão de Fernando Seara: «Deixo um reparo e um lamento sobre o que aconteceu, a demissão do Dr. Fernando Seara. Lamento profundamente, sei o sentimento que ele tem pelo Benfica e tenho muita pena que tenha acontecido isto. Deixo-lhe um grande abraço e um agradecimento por tudo o que ele deu ao clube. A proposta global [revisão dos estatutos e aprovação de contas] foi aprovada, agora quero que seja discutida tema a tema, não só para o atual, mas para o futuro presidente do Benfica, para que vá ao encontro do que são as necessidades do clube e dos sócios.»