Luis Morais Sarmento foi ouvido esta quarta-feira em audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública. Morais Sarmento aceita com "gosto mas também com responsabilidade" a indigitação para administrador do Banco de Portugal.

"Tenho uma formação económica sólida, uma experiência de gestão relevante para o exercício do cargo de administrador do Banco de Portugal", afirmou.

O indigitado para o cargo de Administrador do BdP enfrentou as perguntas dos deputados, em especial do Partido Socialista.

Miguel Costa Matos, deputado do PS, logo na primeira ronda de perguntas, afirmou que Luís Montenegro "agradece" a lealdade de Morais Sarmento com este cargo, numa alusão ao seu mandato como secretário de Estado do ministro das Finanças Vítor Gaspar e dizendo que este participou no movimento político de direita “5 de julho”, fundado por Miguel Morgado.

Questionou ainda se Morais Sarmento "vai acompanhar o governador do Banco de Portugal a defender as pessoas, ou vai acompanhar a governadora Lagarde a defender os bancos e os seus lucros".

"Não acho que haja colonização nenhuma do Banco de Portugal, não tenho nenhuma dependência relativamente ao Governo", defendeu-se Morais Sarmento.

Já Alberto Fonseca, do PSD lamenta o conteúdo e "sobretudo até o tom da intervenção inicial do Partido Socialista". Recorda ainda que Mário Centeno "passou diretamente do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal".

O deputado social democrata continuou a sua crítica à intervenção de Miguel Costa Matos, que acusou Luís Morais Sarmento de não ter registado todas as questões do PS.

"Eu acho que até fez bem, que as barbaridades eram tantas e até era preferível não as registar para não ter más memórias", argumentou.

PSD, CDS e Chega manifestam confiança no currículo de Luís Morais Sarmento e veem com pertinência a sua indigitação. Paulo Núncio disse que "o indigitado reúne todas as condições", antes de se ausentar para a Conferência de Líderes.

Dos temas que dominaram a audição o caso apelidado de "Cartel da Banca" foi central, com o deputado do PSD, Ricardo Carvalho a afirmar que "este é um retrato preocupante, que envolve inclusivamente o banco público". Os deputados questionaram sobre a supervisão da Banca e concentração bancária, mas também sobre inflação, transição digital e sustentável, desafios apresentados pelas criptomoedas, ativos digitais e Inteligência Artificial.