Na nota, o Governo brasileiro anunciou o encontro mantido por Lula da Silva com a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Nova Iorque, na segunda-feira, véspera da abertura da 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, no qual manifestou "entusiasmo sobre a possibilidade de chegar à conclusão do acordo comercial entre Mercosul e União Europeia em breve".

Já a presidente da UE publicou no X (antigo Twitter) uma mensagem sobre a reunião com Lula da Silva, na qual confirmou que ambos discutiram as negociações UE-Mercosul e os pontos abertos que precisam ser abordados.

As negociações entre os dois blocos estão travadas há anos, situação que o líder brasileiro atribui a "divergências internas" entre os países da UE.

O acordo de livre comércio da UE com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), integrado pelo Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, foi fechado a 28 de junho de 2019, depois de 20 anos de negociações.

O texto não ficou isento de concessões, especialmente em questões agrícolas do lado europeu, e a Comissão ofereceu mesmo um fundo de ajuda de mil milhões de euros aos produtores europeus afetados.

No entanto, desde então, o acordo não avançou no sentido de ser ratificado pelos países e pelo próprio Parlamento Europeu, que também manifestou preocupações com os aspetos ambientais nos países sul-americanos que compõem o bloco e que têm as exportações do agronegócio como setor importante de suas economias.

Os líderes também falaram sobre energias limpas e, segundo o comunicado do Governo brasileiro, Lula da Silva afirmou ser preciso aproveitar as oportunidades oferecidas pela transição energética.

Ursula von der Leyen realçou a centralidade desse tema, defendendo uma transição que tenha em conta a necessidade de combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente.

Ambos os líderes também comentaram a situação da seca no Brasil, que tem ajudado na propagação de incêndios em todas as regiões do país sul-americano.

Lula da Silva destacou as secas recordes na Amazónia e a existência de muitos incêndios criminosos. O Presidente brasileiro também recordou que, recentemente, se reuniu com dirigentes dos demais poderes do Brasil e falou sobre a necessidade da aprovação de uma legislação mais rigorosa sobre incêndios criminosos.

Von der Leyen, por sua vez, lembrou que os fenómenos climáticos também atingem a Europa, com incêndios e enchentes, e ambos reafirmaram a necessidade de políticas mais efetivas para o combate de desastres. A dirigente europeia frisou ainda a possibilidade de uma maior cooperação técnica entre as duas partes sobre esses fenómenos.

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