Globalmente, os resultados dos primeiros nove meses da TAP são positivos e a transportadora mantém a rota de crescimento em termos de receitas. A TAP registou de julho a setembro deste ano um resultado operacional de 338 milhões de euros, puxado pelo aumento taxa de ocupação, e beneficiando de um crescimento de 40% nas receitas de manutenção, que estão a ter um bom desempenho, gerando receitas de 166 milhões de euros. Os custos com pessoal aumentaram 44 milhões de euros, mas ainda assim a companhia paga uma percentagem inferior às receitas do que os seus três candidatos à privatização, embora esteja quase colada à IAG.

A TAP obteve um lucro de 118,2 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, uma quebra superior a 40% face ao período homólogo. Já entre julho e setembro de 2024, o resultado líquido recuou 62,8% para 117,8 milhões de euros. As perdas cambiais com o mercado brasileiro, no montante de 40 milhões, foram fortemente penalizadoras dos resultados líquidos.

A TAP fechou o trimestre com receitas operacionais dos primeiros nove meses a crescerem 2,8% para 3,252 mil milhões de euros face ao trimestre homólogo, um desempenho positivo, acompanhado no entanto por um aumento das despesas que treparam de 992,5 milhões de euros para 1,056 mil milhões de julho a setembro e que na soma dos nove primeiros meses subiram 4,4% para 2,914 mil milhões de euros.

Nos gastos operacionais, um dos items que mais subiu foi o dos custos com trabalhadores: aumentou 44,9% para 216 milhões de euros, devido sobretudo ao impacto dos novos acordos de empresa, que produziram efeito apenas no quarto trimestre de 2023 - à exceção dos pilotos, que assinaram mais cedo.

Ainda assim, a TAP permanece com um dos custos mais baixos entre os principais concorrentes europeus candidatos à privatização em matéria de massa salarial: 18% das receitas. Valor que compara com os custos dos trabalhadores do grupo Air France/KLM, que representam 30% das receitas - o mais elevado de todos - 24% da alemã Lufthansa e os 19% da IAG (Iberia/British Airways). Os números compilados por Nuno Esteves, analista independente que acompanha a TAP, mostram que nesta matéria a transportadora aproxima-se mais do grupo que detém a British Airways e vizinha Iberia.

A transportadora tem atualmente 7737 trabalhadores, mais 190 do que em setembro de 2023, mas ainda distante dos 9006 que tinha em 2019, antes da pandemia.

O resultado operacional da TAP recuou 36% para 338 milhões de euros. Descida que Nuno Esteves atribui "a um ambiente europeu de forte concorrência", o que levou à descida do valor médio pago por passageiro para voar por quilómetro para o mercado brasileiro e norte-americano. Este indicador foi ainda pressionado por um aumento da massa salarial em 32% para 596 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano.

Bom desempenho face às concorrentes

"A TAP posicionava-se até setembro de 2024 à frente de gigantes como a Lufthansa e a Air France/KLM em termos operacionais e líquidos, destacando-se a gestão integrada da empresa num ambiente concorrencial exacerbado", afirma Nuno Esteves.

A alemã Lufthansa registou uma quebra de 8% nos lucros de julho a setembro face ao mesmo período do ano passado, tendo estes atingido os 1,095 mil milhões de euros. No acumulado dos primeiros nove meses, a descida é de 48%, recuo que a Lufthansa atribuiu à descida dos preços, greves e custos com cancelamento de voos. Só a greve custou 450 milhões de euros.

A Air France/KLM também teve um resultado menos brilhante no terceiro trimestre de 2024, com o lucro a recuar 200 milhões de euros para 510 milhões de euros. Em sentido contrário e com um melhor desempenho esteve a IAG, que viu o lucro crescer 16,7% para 1,435 milhões de euros.

Voltando à TAP, nos primeiros nove meses do ano a companhia transportou um total de 12,3 milhões de passageiros, um aumento de 1,5% em relação ao ano anterior. Ainda assim continua abaixos dos valores pré-pandemia - atingindo 95% dos valores alcançados em 2019.