Morreu Marco Paulo, aos 79 anos, avança a SIC Notícias. O cantor, que tinha há vários anos um programa na estação televisiva, integrada no grupo Impresa (do Expresso), estava a lutar contra dois cancros, um no pulmão, em estado controlado, e outro no fígado, que era mais crítico. Em meados de setembro, recebeu a notícia de que a quimioterapia não estava a resultar e seria suspensa.

“Infelizmente, a minha vida não está nas minhas mãos”, confessou o cantor português, em declarações ao Correio da Manhã. Apesar de tudo, Marco Paulo tentava manter a esperança e garantia estar a fazer a sua “vida normal”.

Ao longo de mais de cinco décadas, lançou mais de 70 discos e várias canções de sucesso. A carreira foi coroada com o título de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique por Marcelo Rebelo de Sousa, um Globo de Ouro e outros 140 galardões.

As reações

Em comunicado, o Presidente da República já apresentou os “sentimentos à família, amigos e admiradores”, lembrando que o artista esteve "presente na vida musical portuguesa longas décadas.

Na rede social X, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, prestou uma "sentida homenagem" ao cantor, uma "grande referência da cultura portuguesa", que deixa um "legado musical marcante, que atravessa gerações e une Portugal".

A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, lamentou também a morte do cantor Marco Paulo e destacou o "contributo ímpar" do artista para o cancioneiro da música portuguesa. Dalila Rodrigues acrescentou que Marco Paulo, com a sua "voz inconfundível", "deixa uma obra vasta e eclética na música portuguesa, bem como um vínculo afetivo profundo na memória do público português".

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, lamentou hoje a morte de uma das "personalidades mais acarinhadas" do país, considerando que foi uma "figura essencial da música popular portuguesa". Em nome do PS, Pedro Nuno Santos enviou "as mais sentidas condolências à família, aos muitos amigos e aos milhões de admiradores" de Marco Paulo.

A carreira

Marco Paulo, nome artístico de João Simão da Silva, o intérprete de êxitos como "Eu tenho dois amores" e "Maravilhoso coração", nasceu a 21 de janeiro de 1945, em Mourão, no distrito de Évora, fixando-se com a família em Alenquer, no distrito de Lisboa, no final dos anos 1950, e depois no Barreiro, já na década de 1960.

Entre outros, Marco Paulo trabalhou com António José, Mário Martins, Rosa Lobato de Faria, Joaquim Luís Gomes, Fernando Correia Martins, Jorge Machado, Shegundo Galarza, Luís Filipe e Emanuel, entre músicos, escritores/letristas, produtores.

Marco Paulo publicou no mesmo ano o seu derradeiro álbum de estúdio, "Por ti", pela editora Espacial, que o representou nos últimos anos, com quatro inéditos de José Cid, Elton Ribeiro, Miguel Gameiro e Nelson Canoa, a par de versões de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, e de uma homenagem a Dino Meira.

A doença

Apesar dos problemas de saúde, Marco Paulo continuou a entrar em casa dos portugueses com o programa Alô Marco Paulo, transmitido ao sábado de manhã na SIC.

O diretor de programas da SIC, Daniel Oliveira, relembra Marco Paulo, o "mito" que "conseguiu manter o sucesso ao longo dos anos", mesmo "travando duras batalhas do ponto de vista de saúde".

Na antena da SIC Notícias, via telefone, Daniel Oliveira afirma que o cantor "deixa um legado para o cancioneiro popular português que é inigualável".

"De alguma forma ele já era um mito e esse mito agora vai só engrandecer porque aquilo que ele conseguiu, num contacto direto com o público, numa época - nos anos 70 e 80 – sem redes sociais, sem a expansão de comunicação que temos hoje, ele conseguia ser o artista mais popular do país e conseguiu manter esse sucesso ao longo dos anos, travando duras batalhas do ponto de vista de saúde", enaltece.