Continuam a ser dias difíceis para Pedro Chagas Freitas, cujo o filho Benjamim foi sujeito a um transplante de fígado no mês de junho e desde aí, tem voltado recorrentemente aos cuidados intensivos.
Em novo desabafo, o autor português explica o que é mais complicado no meio de tudo isto: não saber quando vai acabar.
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“Não tenho sorte nenhuma. O miúdo vai ficar internado uns quatro ou cinco dias, e logo nesta semana em que tenho tanta coisa para fazer.”
A mãe que se queixa ao telefone não sabe que eu a ouvi. Como ouvi, no outro dia, um pai a queixar-se de ter estado umas cinco horas nas urgências. Soubessem eles que os invejo tanto. Não por não valorizar os seus problemas, as suas dificuldades. Cada um sofre como pode, sente o que sente. Só lhes invejo terem um prazo à frente, um destino definido para os seus meninos. Sabem que ao final daquele tempo chega a normalidade, a vida regressa, podem voltar a casa com os seus filhos bem. Basta esperar. Era só isso que eu queria: a certeza de que o meu filho vai ficar bem, a certeza de que o meu filho vai sair deste hospital bem. Digam-me isso e serei feliz. Pode demorar o tempo que demorar, estou-me nas tintas. Podem dizer-me que demora um mês, dois meses, quatro meses, um ano, o que for. Digam-me que ele vai bem, e eu aguento. Só preciso disso. Digam-me que o meu filho vai ficar bem, seja quando for, e eu sou uma pessoa feliz. Não dizem, não dá para dizer. Há um molho de incógnitas, de dúvidas, de passos para a frente, de passos para trás, para o lado. Odeio o baile da vida quando o baile da vida acontece em cima de uma corda suspensa no ar. Pudesse eu dizer que o meu filho vai ficar bem e seria para sempre uma pessoa feliz.