Foram três as associações portuguesas que uniram esforços com o intuito de trabalhar com a IHF, no caso, a Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), a Associação Portuguesa de Hospitalização Privada (APHP) e a Associação Portuguesa Para O Desenvolvimento Hospitalar (APDH).

Para Xavier Barreto, vogal da direção da APAH, “a realização do Congresso Mundial dos Hospitais em Lisboa demonstra as sinergias que se podem construir através da coordenação de esforços entre associações da saúde portuguesas”.

Por seu lado, a APHP, representada por Óscar Gaspar, refere que o facto de o evento ser realizado pela primeira vez em Portugal fez com que as associações tivessem de trabalhar em conjunto, o que por si só foi uma vantagem que permitiu “construir um projeto comum”.

Já Carlos Pereira Alves, presidente da APDH, vai de encontro ao referido pelas duas outras associações, salientando que “o facto de a organização do Congresso Mundial dos Hospitais envolver três associações do setor da saúde, foi desde o início considerada uma decisão de êxito”.

O futuro dos hospitais – cuidados prestados e competências dos profissionais

No programa do evento constam vários tópicos referentes ao futuro dos hospitais, nomeadamente no que diz respeito aos cuidados prestados e às competências dos profissionais.

Para Xavier Barreto (APAH), “não existem soluções one size fits all” no que concerne aos problemas dos vários sistemas de saúde espalhados pelo mundo, porém, “a partilha de experiências e a discussão com pares de todo o mundo, ajuda-nos a perceber o rumo que devemos seguir”.

Mencionando que, atualmente, os sistemas de saúde “partilham vários desafios”, Xavier Barreto explica que o ponto que “mais preocupa grande parte dos países europeus” é a forma de “garantir o acesso a cuidados de saúde num contexto marcado por um forte aumento da procura, que não tem sido acompanhado por um correspondente aumento da oferta”.

“Assim, é necessário “refletir sobre como podemos redefinir percursos assistenciais, integrando novos prestadores de cuidados, novas profissões em saúde, mantendo a qualidade dos cuidados e melhorando o acesso”.”

Ainda quanto ao futuro dos hospitais, o presidente da APHP, Óscar Gaspar, afirma que “o hospital deixou de ser um ponto para tratar de doentes agudos, fazer cirurgias e ter consultas de especialidade”. Hoje, “é um “hub” que tem as competências ‘tradicionais’ mas que cada vez acompanha mais a vida dos seus doentes”.

Segundo o presidente da APHP, esta nova realidade conduz os hospitais “para fora das suas paredes, exige novas formas de gestão que estejam muito atentas às necessidades dos cidadãos e que motivem os seus profissionais”.

Já Carlos Pereira Alves, presidente da direção da APDH, reitera que o programa do congresso “inclui uma sessão plenária que aborda o tema da liderança contemporânea, que compreende que estas mudanças necessitam de reorganização dos serviços de saúde, autonomia com responsabilidade das administrações, financiamento adequado com monitorização dos resultados e ganhos em saúde (…)”. Para além disso, também “as necessidades dos profissionais e o seu bem-estar” serão objeto de sessão plenária.

Inovações digitais e as mudanças futuras nas organizações hospitalares

Quanto à questão das inovações digitais, Xavier Barreto, vogal da direção da APAH, refere que “nos próximos anos, os hospitais experimentarão enormes transformações”. Para o especialista, ferramentas como a telemedicina, os dispositivos de monitorização remota, a inteligência artificial, e até mesmo os robôs, poderão garantir “atendimentos mais eficientes, rápidos e seguros”.

Por seu lado, e à semelhança do membro da APAH, o presidente da APHP refere que nos próximos anos “tudo vai mudar de forma inexorável”.

“Ou percebemos estas mudanças e as incorporamos e colocamos ao serviço dos cidadãos ou perdemos uma oportunidade histórica…que as pessoas não aceitarão”.

No mesmo sentido, o líder da APDH refere que “a transformação digital é parte integrante do Congresso, dadas as possibilidades que ela permite em ganhos de eficiência e qualidade”.

Implementação de sistemas de saúde preocupados com a sustentabilidade

“Ao longo do congresso, será colocado um foco permanente na sustentabilidade ambiental. Em todas as temáticas, mas também nas próprias operações do congresso. Teremos um responsável pela sustentabilidade (Prof. Doutor Queiroz e Melo), que nos dará a honra de ajudar nessa tarefa”, refere Xavier Barreto (APAH).

Na mesma ordem, o presidente da APHP salienta que a temática do ambiente será “um dos pontos fortes” deste Congresso Mundial dos Hospitais. E acrescenta: “Há o reconhecimento de que as atividades de saúde são uma fonte importante em termos de desperdício e resíduos e, para mais, este setor, tem que dar o exemplo numa área que terá implicações para a saúde dos cidadãos”.

Também Carlos Pereira Alves (APDH) reconhece que “os serviços de saúde são simultaneamente poluidores e afetados pelas alterações climáticas”. “O conceito de ‘one health‘ ganha cada vez mais relevância, como será discutido no Congresso”, adianta.

Impacto da realização do Congresso Mundial dos Hospitais para Portugal

Para Xavier Barreto, este será “o maior evento de gestão em saúde realizado em Portugal nos últimos anos e uma oportunidade única para todos os Portugueses que procuram envolver-se numa experiência de aprendizagem e networking de 360.º com pares globais”. “Apesar de todas as dificuldades e constrangimentos, temos um sistema de saúde de que nos podemos orgulhar e queremos partilhar os seus méritos com todos os congressistas”, refere o vogal da direção da APAH.

Óscar Gaspar (APHP) afirma que “Portugal já ganhou porque na próxima semana Lisboa será a capital mundial dos hospitais e todos os olhos estarão voltados para cá, na expetativa de que aqui possam nascer ideias, conceitos, projetos e solução para os desafios que enfrentamos”.

Em representação da APDH, Carlos Pereira Alves conclui reforçando que “o principal objetivo do Congresso é uma troca de experiências e de ideias inovadoras entre todos os participantes, que contribuirá para melhor colaboração entre todos os atores de saúde”.

Para além disso, o especialista refere que “o SNS será uma comunidade feliz quando os médicos compreenderem a gestão e os administradores compreenderem a medicina”. “Espero que o Congresso contribua para este SNS feliz”.

CG

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