Três em cada quatro portugueses não sabe qual é o valor do seu colesterol, sobretudo nas faixas etárias mais novas (18-24 anos e 25-44 anos). A partir dos 45 há mais pessoas a terem noção dos valores do colesterol, mas apenas 26% dos inquiridos sabe o seu valor e a relevância que tem enquanto fator de risco. “A grande maioria dos portugueses (89%) inquiridos pelo Estudo afirma que o colesterol é uma gordura que circula no corpo e 64% afirma que um valor considerado “normal” é inferior a 190 mg/dL”, lê-se no relatório.

De entre as várias frações do colesterol, o cardiologista Manuel Carrageta, presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia (FPC) alerta que “é importante estarmos atentos aos valores das LDL, vulgarmente conhecida como o ‘mau colesterol’, e por ser aquela que, ao depositar-se na parede das artérias, provoca a aterosclerose”.

Como acrescenta, “quanto mais altas forem as LDL no sangue, maior é o risco de doença cardiovascular”.

Em Portugal, as doenças cardiovasculares são responsáveis por cerca de um terço do total das mortes e, em média, morrem cerca de 80 pessoas por dia devido a patologia cardiovascular. Cerca de oito em cada 10 óbitos de causa cardiovascular que ocorrem precocemente (antes dos 70 anos) podem ser evitados, quando controlados os níveis de colesterol LDL (colesterol mau), um dos principais fatores de risco destas doenças.

Para o presidente da FPC, “os valores elevados de colesterol não causam sintomas e, quando estes ocorrem, podem ser graves e súbitos, manifestando-se, por exemplo, sob a forma de dor no peito devido a angina de peito ou enfarte do miocárdio ou mesmo morte súbita, sendo, por isso, fundamental instruir a população sobre o colesterol e as suas implicações”.

O estudo integra uma das várias iniciativas da Campanha “Maio, Mês do Coração” que pretende, dar a conhecer o estado atual das doenças cardiovasculares em Portugal e qual a importância que o controlo do colesterol, enquanto fator de risco, assume na prevenção destas patologias.

A FPC quer assim, através da sua Campanha de sensibilização, “tornar visível o que não se vê nem se sente – o ‘mau’ colesterol (LDL) – e que só se vê que está elevado quando são feitas análises para a sua medição”.

Alerta, desta forma, a atenção para o facto de que mesmo medicado para o colesterol, o doente pode não estar garantidamente normalizado.

A Campanha integra, ainda, várias iniciativas, entre as quais a realização de rastreios cardiovasculares em locais públicos e em empresas, de uma reunião científica dedicada à temática do colesterol, um Torneio de Padel e sessões educativas de literacia em saúde (presencias e videoconferência) em estabelecimentos de ensino, difusão de mensagens através da rádio.

Ao longo do mês de maio, a Fundação Portuguesa de Cardiologia irá realizar o habitual peditório nacional de angariação de fundos necessários para a prossecução da sua atividade.

Texto: Maria João Garcia

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