“A Direção-Geral da Saúde, assim como a própria Saúde Pública, estão numa fase de mudança e precisam de rejuvenescer para serem fortalecidas.” As palavras são de João Vieira Martins, um dos candidatos a diretor-geral da saúde.
Integrando a equipa da DGS há um ano, o médico defende que é tempo de apostar mais em recursos humanos. “A DGS é uma instituição histórica, com uma missão bem definida, mas precisa de mais profissionais diferenciados.” Na sua opinião, este ponto é “fundamental”, porque esta entidade está “envelhecida” e “desfalcada”. “Não é possível dar resposta a todas as propostas que nos chegam com tão poucos recursos”, frisa.
Questionado sobre o que acha das declarações de Manuel Pizarro, antes de ser ministro da Saúde, segundo as quais defendia a criação de uma agência para a promoção da saúde, é perentório. “Criar outros organismos nesta área, apenas irá contribuir para o surgimento de mais atritos numa esfera que, só por si, já é muito burocrática”.
Quanto à especialidade em si, considera que a Saúde Pública tem sido maltratada nas últimas décadas. “Foram-nos atribuídas [a nós médicos] essencialmente tarefas administrativas, nomeadamente certificação de óbitos e apoio às juntas médicas. As nossas competências principais foram relegadas para segundo plano, o que levou ao afastamento de muitos médicos.”
Precisamente por causa desta conjuntura, João Vieira Martins diz fazer parte da geração de especialistas que querem dar importância à Saúde Pública, com todas as vantagens que isso trará à própria DGS. “Estamos numa fase de aprendizagem, mas também de crescimento.”
Quanto aos planos que tem para a DGS, caso venha a ser o próximo sucessor de Graças Freitas, volta a reforçar a necessidade de contratar mais pessoas. “Existem profissionais bastante distintos na área da Saúde Pública, mas temos de os ir buscar, para que haja uma aposta forte na literacia em saúde.”
Como acrescenta: “Sem uma boa informação e comunicação, a população não vai optar por estilos de vida mais saudáveis.”
Além disso, defende maior investimento no apoio jurídico e medidas concretas na saúde mental, no envelhecimento da população, na resposta a ameaças, como a da pandemia de covid-19, e às alterações climáticas. Propostas que visam dar resposta ao desígnio desta entidade. “A DGS é um pilar essencial do sistema nacional de saúde.”
Texto: Maria João Garcia
Saiba o que pensam os candidatos:
Rui Portugal. “A DGS tem que “regressar à sua matriz de independência técnico-normativa”
Carla Araújo. “Pretendo criar pontes, apostando no diálogo”
Pedro Melo. “É essencial que a DGS seja mais multidisciplinar”