O coordenador da unidade de investigação UNIPRO, do Instituto Universitário de Ciências da Saúde – CESPU, Luís Monteiro, foi um dos organizadores do II Congresso Internacional da Unidade de Investigação UNIPRO. O evento do Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS – CESPU) decorreu nos dias 1 e 2 de junho, em Penafiel.

O investigador destacou, em entrevista ao SaúdeOnline, as conclusões de uma meta-análise publicada no final de 2022, na qual participou com outros investigadores nacionais e estrangeiros. “Foi possível provar cientificamente que a exposição a fumo passivo aumenta em 51% o risco de cancro oral.”

Nesse trabalho ficou demonstrado que, “quem estiver exposto 10 ou mais anos tem maior probabilidade de vir a ter um cancro na boca”, referiu. Um detalhe que faz toda a diferença, como lembrou, a quem trabalha nalguns setores, nomeadamente na restauração. “Mesmo na esplanada existem riscos.”

O especialista especifica que não basta estar ao pé de um fumador. O fumo em terceira via também é considerado fumo passivo, já que as partículas no ar não desaparecem de imediato. “Todos são afetados, independentemente do género e da idade”, afirmou, dando especial ênfase ao impacto sobre as crianças.

Como médico dentista, especialista em Cirurgia Oral, os resultados da meta-análise não foram de todo uma surpresa. “Na nossa especialidade víamos vários doentes com cancros na cavidade oral típicos de fumadores em pessoas que não fumavam.”

Neste Congresso, que contou com a intervenção de vários oradores nacionais e estrangeiros, Luís Monteiro quis deixar claro que já existe evidência científica que pode ser uma base importante na criação de legislação. “A implementação de medidas preventivas na sociedade requer uma base científica.”

Espera assim que as campanhas de prevenção do tabagismo também venham a dar relevo a este outro lado negro do tabaco.

Texto: Maria João Garcia

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