A Hospitalização Domiciliária (HD), ou seja, o internamento de doentes com doença aguda ou crónica agudizada no domicílio, em que a prestação de cuidados de saúde tem diferenciação de nível hospitalar, cada vez mais deve ser considerada como primeira opção de internamento e não como alternativa ao internamento convencional. Devendo os hospitais ficar reservados para os doentes de maior nível de severidade ou sem condições para HD.
A HD requer existência de critérios clínicos, sociais e geográficos para a admissão de doentes nesta tipologia de internamento.
A principal vantagem da HD é ser um projeto centrado no doente, mais humanizado e com maior disponibilidade do doente e família para adquirirem conhecimentos sobre a sua doença, bem como da melhor abordagem terapêutica. Os ensinos feitos em casa são muito melhor apreendidos. Mais tempo de dedicação dos profissionais e de forma exclusiva.
Outras vantagens são redução das infeções associadas aos cuidados de saúde, menor deterioração do estado funcional dos doentes, melhor articulação com os cuidados de saúde primários. É uma resposta segura e eficaz, mais do que uma alternativa e com maior satisfação dos profissionais de saúde.
Cada vez mais os doentes são admitidos em HD diretamente no domicílio, sem passarem pelo Serviço de Urgência, referenciados dos Cuidados de Saúde Primários, da consulta externa ou transferidos a partir de outros hospitais para a área de residência. Este desvio de doentes do Serviço de Urgência é uma mais-valia da HD.
A excelente evolução da HD em Portugal já com cerca de 40 unidades em funcionamento e aumento progressivo de doentes, com cerca de 340 doentes internados diariamente, ultrapassaram as metas estabelecidas pela tutela com alcance em 2022 dos objetivos determinados até 2024. Esta evolução tem determinado o aparecimento de novas ideias, nomeadamente no aspeto organizacional com unidades a concorrerem para acreditação das mesmas e aparecimento de Centros de Responsabilidade Integrada em HD.
Uma das patologias mais frequentes em HD é a infeciosa pela facilidade de utilização da terapêutica antimicrobiana domiciliária endovenosa, que tem levado os profissionais a adquirirem mais conhecimentos na colocação de cateteres específicos de maior duração e atualmente com evolução para autoadministração em doentes selecionados.
As novas perspetivas como a telemonitorização, pode aumentar a segurança e permitir admitir doentes mais complexos. As transfusões de sangue realizadas no domicílio começam a ser uma realidade, mas será necessário a elaboração de um consenso nacional para normalização de procedimentos em HD. Começam a surgir protocolos de admissão de doentes da área cirúrgica. E progressivamente a HD continua a evoluir e a inovar em Portugal.
Por tudo isto a Hospitalização Domiciliária cada vez mais, dever ser a primeira opção de internamento…
Francisca Delerue,
Coordenadora do Núcleo de Estudos de Hospitalização Domiciliária da SPMI