Estima-se que os casos de diabetes em todo o mundo ultrapassem os 1,310 milhões até 2050, mais do dobro face a 2021, caso não sejam adotadas medidas mais eficazes, alerta uma série de estudos publicados pelo The Lancet. A Associação Protectora dos Diabéticos de Portugal (APDP) volta assim a pedir a adoção urgente de um programa de prevenção da diabetes.
“O tempo de agir é agora! Estes valores corroboram todos os avisos que enquanto associação temos feito ao longo dos anos. É necessário diagnosticar de forma mais precoce, tratar melhor e, principalmente, adotar estratégias de prevenção eficazes.”, defende José Manuel Boavida, presidente da APDP.
Para o conseguir, a associação defende a urgência da implementação de um programa de prevenção da diabetes. “A APDP reuniu-se com deputados de todos os grupos parlamentares, tendo proposto à Comissão de Saúde da Assembleia da República um grande encontro para assinalar o Dia Mundial da Diabetes, no próximo dia 14 de novembro, no qual estejam presentes todos os stakeholders cuja área tenha impacto direto na diabetes, como é o caso das Comissões do Ambiente e do Trabalho. Mais do que discutir o problema que a diabetes representa para o futuro da nossa população, é necessário agir, pelo que aguardamos a colaboração dos deputados para dar início à reunião que poderá mudar o panorama da diabetes em Portugal”, alerta o endocrinologista.
Além disto, a APDP reforça ainda a necessidade da atualização do Inquérito Nacional de Saúde com Exame Físico, “divulgado pela primeira e única vez em 2016. O investimento neste estudo é urgente, uma vez que a incapacidade de gestão desta situação no presente irá, sem dúvida, representar uma carga económica muito maior no futuro”, continua José Manuel Boavida.
Em 2021, estimava-se a existência de 529 milhões de casos de diabetes, 90% dos quais tipo 2, que se prevê que seja também a principal responsável pelo provável aumento de casos, uma vez que se relaciona fortemente com o aumento da obesidade. Atualmente, a taxa de prevalência global da diabetes, uma das principais causas de morte e incapacidade, é de 6,1%, sendo especialmente evidente em pessoas com 65 ou mais anos.
“Se considerarmos o impacto que a diabetes tem no aumento do risco de doença cardíaca isquémica e de acidente vascular cerebral, por exemplo, percebemos as consequências da inatividade no que diz respeito a ações de prevenção.”, remata.
“A diabetes será uma doença definidora deste século. A forma como a comunidade de saúde lidar com a diabetes nas próximas duas décadas irá moldar a saúde da população e a expectativa de vida durante os próximos 80 anos. O mundo falhou no que diz respeito à perceção da natureza social da diabetes e subestimou a verdadeira escala e ameaça que esta doença representa.”, lamenta o The Lancet.
Planeado para coincidir com a 83ª Sessão Científica da Associação Americana da Diabetes (ADA), o The Lancet e o The Lancet Diabetes and Endocrinology publicam agora uma série sobre Desigualdade Global na Diabetes. Composta por dois estudos (um a nível global e outro focado nos EUA), conta a “história infeliz e desigual da diabetes”.
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