O Miguel, o meu terceiro filho, nasceu em 2014 de gravidez planeada. Com cerca de um ano de idade comecei a notar uma regressão na comunicação e interação, ou seja, deixou de balbuciar e de fazer gestos como o bater palminhas. A médica de família e um pediatra desvalorizaram as minhas queixas, dizendo a célebre frase “cada criança tem o seu ritmo”.
Aos dois anos, já com a minha certeza de autismo, exigi que a médica de família referenciasse o Miguel para a consulta da Pediatria de Desenvolvimento no Hospital da zona de residência. Enquanto aguardava a consulta, comecei a estudar sobre autismo e abordagens de tratamento para saber o que poderia fazer pelo meu filho em casa. Descobri sobre ABA (Applied Behavior Analysis – Análise Comportamental Aplicada), aprendi algumas estratégias a partir de vídeos americanos, também sobre PECS, que logo fui introduzindo, elaborando uma pequena rotina de estimulação em casa. Pouco tempo depois descobri que já se fazia ABA em Portugal.
O Miguel começou o tratamento ABA, de 15 horas semanais, antes de ter a consulta no Hospital (6 meses depois do pedido), onde os médicos começaram o processo para investigar o diagnóstico, que foi fechado só 6 meses depois, quando já tinha 3 anos.
Hoje o Miguel tem 10 anos, com a oportunidade de fazer um tratamento adequado com ABA, terapia de fala, psicomotricidade, hipoterapia e natação. Eu, como mãe, sempre senti a necessidade de continuar a estudar sobre autismo, neurociências e comportamento para entender melhor o meu filho em cada fase de desenvolvimento, para poder estimular em casa dando continuidade ao trabalho feito nas terapias, bem como para definir e gerir objetivos em cada etapa da vida.
Comecei a partilhar conteúdo nas redes sociais sobre a nossa vivência com o autismo em família, para consciencializar a sociedade e ajudar outras mães quando recebem o diagnóstico que existe uma maternidade diferente pela frente, mas cheia de esperança, alegria e evolução.