No âmbito do Dia Mundial Sem Tabaco, que se assinala a 31 de maio, o GECP lança a campanha “Um cigarro a menos é um dia a mais”. “O hábito de fumar, seja tabaco tradicional, aquecido ou cigarros eletrónicos, traz inúmeros malefícios para a saúde, tanto a curto como a longo prazo. O tabaco é a maior causa de morte evitável no mundo e, só em Portugal, é responsável por mais de 13.000 mortes por ano.”, alerta o GECP.
De acordo com o Grupo, além dos benefícios imediatos, a longo prazo, a cessação tabágica reduz ainda o risco de cancro do pulmão e diminui a probabilidade de AVC e de desenvolver doenças cardiovasculares e respiratórias. “Ao fim de 10 anos sem fumar, o risco de desenvolver cancro do pulmão cai para 50%, enquanto após 20 anos o risco iguala ao de quem nunca fumou.”
Para Daniel Coutinho, membro do GECP, “deixar de fumar pode ser um desafio, mas é uma escolha que vale a pena pelo bem-estar pessoal e pela saúde daqueles que estão ao nosso redor”. O pneumologista reconhece, contudo, que o tabagismo é uma dependência e, por isso, por vezes, pode ser difícil parar. Recomenda assim “fortemente” o diálogo entre médico e doente. “Os profissionais de saúde estão cientes da dificuldade que é deixar este hábito e estão disponíveis para aconselhar os doentes, seja através da prescrição de medicação para reduzir a vontade de fumar e os sintomas da abstinência, seja através de orientações sobre como mudar comportamentos e o estilo de vida de modo a evitar recaídas”, comenta.
Como em qualquer dependência, quando se deixa de fumar pode-se experienciar a síndrome de privação, causada pela falta da nicotina e que inclui sintomas como grande vontade de fumar, irritabilidade, ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, aumento do apetite e insónias. “Embora estes sintomas sejam mais fortes nos primeiros 15 dias, depois vão melhorando, além do que a terapêutica de substituição da nicotina pode ajudar a controlá-los”, explica.
Mesmo em situações de um diagnóstico confirmado de cancro do pulmão é recomendável parar imediatamente de fumar. “Um doente que abandone este vício tem mais hipóteses de o tratamento ser bem sucedido e tem menos efeitos secundários, quer da cirurgia quer da quimioterapia e radioterapia, e uma recuperação mais rápida dos tratamentos.” Além disso, acrescenta, “abandonar o hábito de fumar também diminui o risco de aparecimento de outros cancros relacionados com o tabaco e melhora a qualidade de vida do doente, fazendo com que se sinta menos cansado, com menos tosse, expetoração e falta de ar”.
O cancro do pulmão é dos cancros mais frequentes no mundo, aumentando a sua incidência a um ritmo de 0.5% por ano. Em Portugal, foram diagnosticados, em 2020, cerca de 5 mil novos casos de cancro do pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente. É, no entanto, a principal causa de morte por doença oncológica no país, estimando-se ter causado 4.671 mortes em 2018, de acordo com o GECP.
Texto: Maria João Garcia
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