No final de dezembro, Graças Freitas anunciava que não se iria manter à frente da Direção-Geral da Saúde (DGS). Seguiu-se, apenas cerca de seis meses após esta renúncia e na sequência da demissão do subdiretor-geral da saúde Rui Portugal, a abertura “com caráter urgente” de um concurso público.
Mas a urgência deixou de o ser a partir do momento em que, no passado dia 21 de julho, a Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP) reabriu o concurso para a escolha do novo diretor-geral da Saúde, um dia depois de ter anunciado a sua repetição por falta de três candidatos “aptos”. Desta vez não haverá “audiência de interessados” e o mesmo irá encerrar no dia 3 de agosto.
Segundo as regras da CReSAP, após conclusão do concurso de seleção, o júri elabora uma proposta de designação indicando três candidatos, com os fundamentos da escolha de cada um, e apresenta-a ao membro do Governo com a tutela do serviço, que tem, a partir deste momento, um prazo máximo de 45 dias para proceder à escolha.
Face ao sucedido, Graças Freitas irá manter-se à frente do cargo até que se saiba quem a vai substituir. Desde que avançou que não pretendia continuar como diretora-geral da saúde, em dezembro passado, a responsável tem aguardado pela desejada reforma.
No primeiro concurso, e no que se segue, conta-se com cinco candidatos – pelo menos são os que são conhecidos publicamente: Rui Portugal, André Peralta Santos, João Vieira Martins, Carla Araújo e Pedro Melo. Há pelo menos mais um, mas não houve qualquer apresentação pública oficial até ao momento.
Os três primeiros já conhecem a casa. Rui Portugal foi subdiretor-geral da Saúde, André Peralta Santos é o atual subdiretor-geral da Saúde em substituição e João Vieira Martins integra os quadros da DGS. Carla Araújo é, por sua vez, especialista em Medicina Interna e Pedro Melo é enfermeiro especialista em Saúde Comunitária.
Todos são unânimes em considerar que a DGS está numa fase de mudança e que é preciso apostar em várias vertentes, nomeadamente na comunicação e no reforço dos recursos humanos, como disseram ao nosso jornal.
Apenas André Peralta Santos não quis fazer quaisquer comentários no decurso do concurso. Mas fica o seu perfil. Doutorado pela University of Washington, EUA, onde faz investigação em avaliação de políticas de saúde e covid-19, foi Diretor de Informação e Análise da DGS, entre 2020-2021, onde introduziu métodos de Data Science em R. Mestre em Medicina pela Nova Medical School e Mestre em Saúde Pública pela ENSP-NOVA, tem formação em Epidemiologia pela Harvard Medical School.
Tendo em conta os prazos concursais, só em meados de outubro deverá ser possível substituir Graça Freitas.
Texto: Maria João Garcia
Saiba o que pensam os candidatos:
Rui Portugal. “A DGS tem que “regressar à sua matriz de independência técnico-normativa”
Carla Araújo. “Pretendo criar pontes, apostando no diálogo”
João Vieira Martins. “A DGS precisa de mais profissionais diferenciados”
Pedro Melo. “É essencial que a DGS seja mais multidisciplinar”