Quando o SaúdeOnline falou com Carla Araújo tinha acabado de saber na noite anterior de que tinha conseguido passar à fase da entrevista no concurso da CRESAP. Licenciada em Medicina, diz que desde cedo se interessou por grandes causas. “Sempre tive uma enorme preocupação em dar voz à Saúde”, afirma.
Prova disso é a atual candidatura ao cargo de diretora-geral da saúde. A experiência no Hospital Beatriz Ângelo, onde esteve nove anos, permitiu-lhe, ter competências a vários níveis, nomeadamente na área da Saúde Pública. “Fui uma das médicas voluntárias que, com o apoio da Câmara Municipal de Loures, foi aos bairros sociais na altura da pandemia distribuir máscaras e falar sobre covid-19.”
Nesse contacto direto com uma população, que define como “complexa” face às carências socioeconómicas e às dificuldades sentidas no acesso à saúde, permitiu-lhe ter uma noção mais concreta do que se passa fora das paredes do hospital. “As recomendações são sempre gerais, mas depois é preciso ter-se em conta a realidade local, as limitações que existem, pois o país é muito heterogéneo.” Nas suas competências destaca ainda o conhecimento em Gestão, algo que também se exige na Direção-Geral da Saúde (DGS), e em Comunicação.
“A DGS não está obsoleta”
Questionada sobre a forma como vê atualmente o papel da DGS, garante que não a considera “obsoleta”. “A DGS é uma instituição que sempre respeitei e à qual reconheço um papel extremamente importante”, enfatiza. Contudo, acredita que é preciso haver mudanças. “A pandemia pôs-nos à prova e percebemos todos como é essencial a Saúde Pública, a prevenção da doença, a organização e a execução de planos, a antecipação de ações.”
Continuando, garante que, se for escolhida, tudo fará para fomentar e consolidar sinergias interinstitucionais. “A DGS tem que ter capacidade para dialogar com todos os intervenientes nacionais e internacionais, como a Organização Mundial de Saúde. É preciso saber comunicar.”
Comunicação e gestão são dois “pontos fortes” na sua carreira, segundo diz, daí considerar que pode fazer a diferença. “Pretendo criar pontes, apostando no diálogo, na flexibilidade e na articulação com outras instituições, como o Ministério da Saúde.”
Não querendo falar de forma concreta sobre as ideias que tem para a DGS nesta fase do concurso, salienta apenas que “Portugal tem de mudar o foco para a prevenção” e que “a DGS está numa fase de mudança”. Para tal, argumenta, “tem que estabelecer planos completos, em articulação, não se devendo esquecer uma rigorosa gestão dos recursos humanos e financeiros.” Para tal, deve ser “uma instituição próxima, em quem a população confia”, porque a sua missão é muito nobre”, conclui.
Texto: Maria João Garcia
Saiba o que pensam os candidatos:
Rui Portugal. “A DGS tem que “regressar à sua matriz de independência técnico-normativa”
João Vieira Martins. “A DGS precisa de mais profissionais diferenciados”
Pedro Melo. “É essencial que a DGS seja mais multidisciplinar”