A Associação CCRIA – Convergência dos Centros de Responsabilidade Integrada aderiu à Convenção Nacional da Saúde. Qual será o vosso contributo?
A Associação decidiu aderir à Convenção Nacional da Saúde por se tratar do maior debate nacional permanente sobre o presente e o futuro da Saúde em Portugal, o qual integra as principais instituições públicas, privadas e sociais do setor. Estamos certos de que a CCRIA terá um papel essencial na análise, discussão e concretização de projetos concretos que visem a melhoria de políticas públicas de saúde com o foco no cidadão. Consideramos também que a nossa experiência na criação de Centros de Responsabilidade Integrada (CRI) será uma grande vantagem na reflexão de como organizar e gerir os serviços de saúde, face às novas dinâmicas sociais.
Integrar esta convenção vai ser também uma forma de reforçar o papel dos CRI na gestão em saúde?
A criação da CCRIA teve o propósito de promover experiências e boas práticas ao nível dos CRI, bem como de apoiar as equipas e os profissionais na evolução da qualidade da prestação de cuidados de saúde. Ou seja, pretendemos valorizar profissionais e instituições. E é precisamente esta nossa experiência, que é um caso de sucesso, que queremos levar ao debate na Convenção.
“Em suma, o grande desafio é como fazer sobreviver o Serviço Nacional de Saúde perante os constrangimentos que enfrentamos”
Face à crise atual do SNS e à demissão do Primeiro-Ministro, existe o risco de a aposta nos CRI ser posta em causa?
O risco existe sempre. Mas estamos confiantes de que vai ser possível desenvolver a reforma iniciada. Esta reforma não tem cor política. Qualquer governo a pode, e deve, implementar. O que está em causa é a melhoria da organização e da gestão dos serviços hospitalares, o que, inevitavelmente, conduz a melhor acesso e mais qualidade da prestação de cuidados de saúde.
Além dos CRI, que outras medidas ou ideias consideram ser importantes para se debater nesta Convenção?
O desenvolvimento das Unidades Locais de Saúde (ULS) e da rede nacional de cuidados de saúde primários são áreas essenciais. Por outro lado, temos de refletir sobre os cuidados hospitalares e a sua diferenciação e sobre a rede de cuidados continuados e paliativos. Não menos relevante é a (re)organização dos serviços de urgência e emergência e a rede de saúde mental. Em suma, o grande desafio é como fazer sobreviver o Serviço Nacional de Saúde perante os constrangimentos que enfrentamos. Uma tarefa que só conseguiremos cumprir com sucesso quando soubermos contar com todos: público, privado e setor social.
MJG
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