“Penso que é muito importante criarmos tecnologias acessíveis e inclusivas para todos, independentemente das suas capacidades ou deficiências. Isso significa garantir que a tecnologia que desenvolvemos pode ser utilizada por pessoas com deficiência visual ou cegas, por exemplo, ou por pessoas com problemas de mobilidade ou destreza”, explicou Filipa Rocha, em comunicado.
Utilizando peças físicas de programação em vez de uma linguagem virtual, as crianças com deficiência visual podem controlar um robô, à semelhança de um jogo de computador.
A codificação baseada em blocos é uma linguagem de programação em que o programador cria sequências de instruções arrastando e soltando blocos num monitor. Nesta invenção, os blocos são tangíveis e decorados com ícones de espuma 3D, que representam por exemplo a direção de um determinado movimento ou a função de fala para comandar o comportamento de um robô. Através destes blocos, as crianças com deficiência visual podem controlar o robô, como se estivessem a jogar um jogo no computador.
Filipa de Sousa Rocha chama a esta invenção “Sistema de Programação Tangível Acessível Baseado em Blocos”. O protótipo da ferramenta de aprendizagem BATS demorou menos de um ano a ser criado e foi testado à distância com cinco famílias com crianças com deficiência visual entre os 6 e os 12 anos, durante a pandemia.
Quase sem financiamento para o projeto, foi através das relações que estabeleceu com escolas, associações e famílias que Filipa Rocha conseguiu dar vida a este conceito. No seu trabalho contou com sugestões das famílias, que pediram, nomeadamente, peças para treinar conceitos em Geografia e Matemática.
Filipa Rocha é licenciada em Engenharia Informática e mestre em Sistemas de Informação e Computadores pelo Instituto Superior Técnico de Lisboa. Atualmente é doutoranda em Informática na Universidade de Lisboa, com uma bolsa da FCT, integrada no LASIGE, uma unidade de investigação e desenvolvimento (I&D) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, na área das Ciências e Engenharia Informática.
É ainda professora auxiliar no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa. Tem quatro artigos publicados sobre programação acessível, incluindo as suas descobertas sobre uma abordagem de programação focada na acessibilidade chamada “ACCembly”.
O vencedor do prémio foi Richard Turere, que desenvolveu um sistema de luz acessível que permite salvar o gado e a população de leões do Quénia. O terceiro lugar foi atribuído a Fionn Ferreira pelo seu trabalho no combate à poluição marinha por microplásticos.
O prémio reconhece jovens inovadores com idade igual ou inferior a 30 anos que tenham desenvolvido soluções tecnológicas para resolver problemas globais e ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas.