“O calor faz aumentar a sudorese, predispondo a pessoa a ter maior risco de infeção; o mesmo acontece quando, além da temperatura elevada, se associa a humidade”, indica António Fernandes Massa, dermatologista na Clínica Dermatológica Dr. António Massa, no Porto.

Uma das infeções fúngicas mais comuns, e que pode afetar todo o corpo, é a pitiríase versicolor, causada por uma levedura que provoca alterações da coloração da pele um pouco por todo o corpo. “Umas são mais claras, outras mais escuras, sendo melhor visualizadas quando utilizamos uma lâmpada de Wood e o doente vem sem tomar banho nas 24 horas anteriores, pois as escamas que cobrem estas lesões tornam-se mais e melhor visíveis com um tom amarelo esverdeado fluorescente o que demonstra que estas lesões estão ativas”, indica o médico.

Apesar de ser conhecida também como micose da praia, a mesma pode persistir no organismo durante todo o ano. “Esta infeção poderá já existir, contudo fica mais visível no verão, pela maior exposição solar, tornando evidentes áreas com alterações de cor.” Necessário por isso um controlo de novo com lâmpada de Wood após tratamento, pois as lesões ficam despigmentadas e menos visíveis, diria esbatidas quando a lesão está resolvida, ou mantém a coloração branco\amarelada\esverdeada quando são ativas, o que implica fazer de novo tratamento parcial. Na nossa experiência este tratamento é mais eficaz na forma tópica com champô azólicos com diluição em água adaptada à espessura cutânea da área a tratar, reduzido assim o risco de irritação. A medicação oral, sendo eficaz, é mais frequentemente sujeita a recidiva. É obrigatório lembrar ao doente que a normalização da coloração da pele só acontece meses após o tratamento devendo o doente estar consciente desta situação.

Outras infeções fúngicas comuns na época balnear são a tinea pedis, mais conhecida por pé-de-atleta e a.tinea cruris, que afeta a zona das virilhas. Como características comuns destacam-se o cheiro, alteração da cor, prurido e, menos comum a dor. As tinea corporis (face, tronco, braços e perna) também aparecem devendo estarmos atentos a este facto. “Nem todas são contagiosas, mas nalguns pode acontecer, nomeadamente na tinha do couro cabeludo – mais frequente em crianças e está em crescendo, relacionada muitas vezes com o contacto das crianças com animais de estimação.”

Em qualquer caso é fundamental iniciar o tratamento numa fase precoce. Este vai depender da região afetada, segundo o dermatologista. “Nas infeções mais localizadas basta o uso de um medicamento tópico, mas, quando a mesma se torna mais extensa, é necessário apostar na terapêutica oral.”

Relativamente ao fármaco a usar, António Fernandes Massa alerta para a importância de os clínicos fazerem uma avaliação global, observando o corpo e não apenas a zona mais afetada. “Por vezes, a infeção já está disseminada, o que implica outro tipo de tratamento.”

Além da farmacologia, existem outras medidas a adotar e que tanto podem ajudar na fase de tratamento como na prevenção da infeção e na sua recidiva. “Pode parecer trivial, mas, de facto, é preciso manter o arejamento da pele nos dias de calor, nomeadamente nos pés utilizando sandálias com sola de couro ou pelo menos palmilha grossa de couro se possível perfurada, por forma a evitar que o suor se vá aí acumulando e funcione de meio de cultura. Em alternativa a mudança frequente de meias e sapatos ou sapatilhas, por forma a manter a área seca, no corpo deve-se evitar roupa justa e oclusiva.”

As pessoas devem também optar por roupas preferencialmente de algodão, não fibrosas. “Estas medidas são ainda mais importantes para imunodeprimidos, por terem maior risco de infeção sistémica e de infeções oportunistas”, salienta António Fernandes Massa.

MJG

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