Catarina Marques, Ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução, alerta que, a longo prazo, este tipo de atividade física tão exigente pode provocar alteração ou supressão do ciclo menstrual e comprometer a fertilidade da mulher. Por isso, avisa que este esforço físico deve ser compensado com uma boa dieta e um acompanhamento médico para que as atletas, a maioria das quais muito jovens, possam planear a maternidade e, eventualmente, preservar a fertilidade com recurso à criopreservação dos óvulos.
“A amenorreia (ausência de menstruação) é bastante comum em mulheres em idade reprodutiva com atividade física intensa, uma vez que o organismo é sujeito a um desequilíbrio entre as calorias fornecidas pela dieta e a energia consumida. Como resultado, as hormonas que regulam o funcionamento dos ovários são afetadas. Estas mulheres devem ser informadas de que a amenorreia, a longo prazo, pode levar à infertilidade, ou seja, pode impossibilitar uma gravidez de forma natural”, explica a especialista.
Por todas estas razões, é essencial que as equipas técnicas das atletas estejam familiarizadas com as características fisiológicas das mulheres, com o funcionamento do sistema endócrino e sobre como a libertação de hormonas influencia o seu desempenho e afeta a sua força, resistência e flexibilidade.
Catarina Marques aponta ainda outro ponto-chave com impacto no rendimento das atletas: cuidar muito bem da alimentação. “Se a atividade física de alta competição não for acompanhada por uma boa alimentação, à base de proteínas, gorduras de qualidade e carboidratos, pode causar problemas hormonais, pois são elementos fundamentais para que o ciclo hormonal seja mantido de forma regular”.
“O baixo peso em combinação com défice de macronutrientes e exercícios de elevada intensidade contribuem para um encurtamento da fase lútea (período entre a ovulação e a menstruação), alteração da secreção hormonal e, consequentemente, para uma diminuição dos níveis de estrogénio. No entanto, é importante sublinhar que essa situação é reversível se não for mantida por muito tempo”, afirma.
A médica acrescenta que é essencial planear a maternidade para que o desporto de alta competição não tenha impacto quando tentarem alcançar uma gravidez. “Estas mulheres devem procurar aconselhamento médico para planear a maternidade e até mesmo apostar na preservação da fertilidade numa idade precoce, para melhor conciliar uma carreira desportiva de sucesso com o seu desejo reprodutivo”.
“A criopreservação dos óvulos oferece a estas mulheres a possibilidade de preservar os seus gâmetas na idade e qualidade do momento em que são congelados, até à altura em que decidam ser mães”, conclui a especialista.
COMUNICADO
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