A especialista, que começou por se licenciar em Biologia, há alguns anos que estuda o papel do selénio na saúde, nomeadamente nas doenças autoimunes da tiroide. A médica destaca, sobretudo, a selenoproteína S, que é “uma proteína que se localiza na membrana do retículo endoplasmático e que é responsável pela remoção de proteínas com uma estrutura incorreta”.
Por outras a palavras, “esta selenoproteína diminui o processo inflamatório, com todos os ganhos que isso tem na doença tiroideia”.
Torna-se assim essencial pensar na suplementação de selénio. “Nos doentes com hipotiroidismo autoimune com manifestação ocular já existe mesmo indicação nas guidelines, por causa do papel anti-inflamatório do selénio”.
Como recorda a médica, a suplementação de selénio ainda gera algumas controvérsias, contudo, enfatiza, “estudos recentes têm demonstrado a sua mais-valia”. Exemplo disso , segundo acrescenta, foi o tema ter sido abordado numa sessão do Congresso Português da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia Diabetes e Metabolismo, que decorreu em fevereiro deste ano.
Como especifica: “As enzimas que promovem a síntese das hormonas tiroideias são todas selenoproteínas, quer na formação como na transformação, daí que o selénio e as selenoproteínas sejam fundamentais na fisiopatologia das doenças da tiroide.”
A especialista sublinha ainda que, de acordo com a evidência científica, “as pessoas com doença tiroideia apresentam uma menor concentração de selénio e selenoproteínas comparativamente a quem não tem a mesma patologia”.
Além da doença em si, para esses baixos níveis de selénio também contribui a agricultura intensiva. “Não é fácil conseguir-se a dose diária suficiente através da alimentação.”
Apesar de defender uma maior aposta no selénio, diz que “a suplementação deve ser uma decisão médica, tendo em conta cada caso clínico”.
Texto: Maria João Garcia
Notícia relacionada