A Sociedade Portuguesa de Ginecologia (SPG), em colaboração com a Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose (MulherEndo) e o apoio da Gedeon Richter Portugal, realizaram um inquérito a um grupo de mulheres portuguesas que têm endometriose, com o objetivo de compreender melhor a dimensão do problema no nosso país. Desse inquérito resultaram 883 respostas validadas que nos permitiram aferir algumas conclusões concordantes com a história natural da doença.
A maioria das mulheres que responderam ao questionário situam-se na faixa etária dos 31 aos 45 anos, estado civil casada ou em união de facto e sem filhos. A sintomatologia inicial surgiu, na maioria, na adolescência ou idade jovem, sendo a dismenorreia intensa e a dor pélvica não menstrual os sintomas predominantes, ambas classificadas em níveis elevados de intensidade. Das mulheres que já tentaram engravidar a maioria refere subfertilidade/ infertilidade.
Confirma-se no inquérito a dificuldade no diagnóstico, sendo referido pela maioria ter consultado 3 ou mais profissionais de saúde antes do mesmo e quase 50% referir 6 ou mais anos até o conseguir. A maioria das mulheres refere que o diagnóstico de endometriose foi feito por um ginecologista.
Em relação à terapêutica, também a complexidade da doença é manifesta, pela dificuldade de encontrar o medicamento ajustado a cada mulher, com a máxima eficácia e o mínimo de efeitos indesejáveis. A maioria das mulheres já foi submetida a uma cirurgia para a endometriose, com resultado positivo na melhoria da sintomatologia.
O impacto da doença na qualidade de vida das mulheres esteve bem patente no inquérito, sendo as repercussões psicológicas e na vida sexual as mais relevantes, mas com todo o contexto familiar, social e profissional afetado.
Estes e outros resultados que serão publicados em breve na íntegra confirmam a complexidade da endometriose desde o diagnóstico à terapêutica e a necessidade da sensibilização da Medicina Geral e Familiar para uma referenciação destas doentes para os locais onde podem ser corretamente avaliadas e tratadas.
A multidisciplinaridade é essencial, quer para o diagnóstico, quer para o tratamento da doença, e é o que procuramos atingir quando criamos um grupo que engloba diferentes especialidades, todas sensibilizadas e vocacionadas para o mesmo objetivo.
Um dos grandes problemas desta doença é o seu diagnóstico tardio. A divulgação das características da doença e suas repercussões tem permitido alertar as mulheres com queixas sugestivas da doença para procurarem um diagnostico mais precoce, que lhes atenue anos de sofrimento.
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