“A maior parte da população a nível mundial não tem ainda acesso a Cuidados Paliativos e Portugal iniciou a sua implementação mais tarde face a outros países, tendo falta de unidades e profissionais”, afirma José Vítor Gonçalves.

O objetivo do trabalho que realizou no âmbito do Doutoramento, passava por analisar o estado da Rede Nacional de Cuidados Paliativos (RNNCI) em Portugal, mas focando-se mais na questão do burnout dos profissionais que trabalham na rede (médicos e enfermeiros).

No que respeita ao último ponto, foram detetados “elevados níveis de burnout pessoal”, relacionado com a atividade profissional e com o utente. “A maior parte dos inquiridos considerava também que a sua atividade em Cuidados Paliativos foi afetada pela covid-19, o que vem reforçar as conclusões que a pandemia afetou também os cuidados não diretamente relacionados com a mesma e que é fundamental monitorizar e prevenir o burnout nos colaboradores”.

José Vítor Gonçalves realça, também, a “ausência de respostas estruturadas a nível estatal para cuidadores, o que origina um maior gasto das famílias”. Alerta ainda para a necessidade de ser promover a saúde dos cuidadores, procurando “alianças entre os diferentes profissionais, utente e cuidador”.

Em comunicado, o médico fisiatra conclui que “os Cuidados Paliativos vão assumir uma importância cada vez maior no futuro e que, mesmo a nível da Medicina Física e de Reabilitação, é fundamental que os diferentes elementos das equipas multidisciplinares, como é o caso dos médicos fisiatras, desenvolvam estas competências de forma a permitir um acompanhamento adequado destes utentes”.

Exemplo disso, acrescenta, é o apoio ao internamento dos Cuidados Paliativos por parte do Serviço de MFR do CHVNGE e o acompanhamento de utentes em Cuidados Paliativos por diferentes patologias na consulta externa do Serviço de MFR.

Texto: Maria João Garcia

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