A inovação é muito importante em todas as áreas, mas “particularmente na da Saúde”. De acordo com Óscar Gaspar, um dos oradores da sessão “Gestão da Inovação” deste Lusíadas Oncology Summit, as abordagens terapêuticas de hoje em dia nada têm a ver com as que se realizavam há 10 anos ou, até mesmo, há 5 anos. “Têm-se verificado profundas e muito visíveis alterações na saúde em geral, das quais destaco o tratamento da hepatite, e, em particular, na área oncológica. Hoje, temos mais e melhores armas terapêuticas para fazer face à doença”, afirma.
E continua: “Esta realidade requer que nós, prestadores, tenhamos de estar atentos ao que existe e ao que é aplicado, para que possamos colocar os nossos profissionais em contacto com essas novas abordagens. Por esta razão, é tão importante envolver os profissionais dos hospitais nesta gestão da inovação e continuar a investir na sua formação contínua.”
Além disso, e segundo refere, é também fundamental manter uma relação com as universidades, dado o “conhecimento de que, obviamente, dispõem, como são exemplo os estudos epidemiológicos adequados à nossa realidade”.
Falando dos hospitais privados, em particular, o presidente da APHP menciona considerar justo que se diga que “em Portugal, um dos elementos diferenciadores destas instituições é, exatamente, o foco na inovação”. “Como é sabido, existem fármacos aprovados pela Agência Europeia de Medicamentos, que, por vezes, têm dificuldade em entrar no Serviço Nacional de Saúde, por questões de contratação com o Infarmed. É mais fácil que os hospitais privados os possam utilizar, disponibilizando-os aos doentes portugueses de forma mais célere”, diz.
E, após fazer referência a esta questão da contratualização do acesso, Óscar Gaspar observa que este assunto levanta outro desafio: “A inovação em saúde costuma implicar custos acrescidos”. “Enquanto em algumas outras áreas de atividade a inovação acaba por reduzir custos, na saúde não tem sido assim. Atualmente, temos mais soluções, mas que, tipicamente, acabam por ser mais onerosas, porque são mais específicas e requerem mais investigação”, explica. E salienta que, por esta razão, “é necessário encontrar formas de financiamento e de acesso”.
“O diálogo com entidades, como seguradoras ou subsistemas de saúde, é muito importante e penso, até, que as próprias seguradoras estão cada vez mais sensíveis em relação ao tema da inovação. É essa a razão de, em Portugal, à data de hoje, termos seguros de saúde com mais coberturas, nomeadamente na área oncológica, que não existiam há cerca de 5 anos”, indica. E desenvolve: “Há a perceção, por parte das seguradoras, de que esta é uma preocupação das pessoas, e, por outro lado, é uma forma de se conseguir aceder à inovação, ou seja, através da contratualização destas formas de financiamento.”
Concluindo, Óscar Gaspar caracterizou a inovação em duas formas: “um mundo de novas oportunidades” e um “mundo excecional”. “A inovação tem estes desafios próprios, por se tratar de algo novo, que exige abordagens diferentes. No entanto, a flexibilidade de gestão, própria dos hospitais privados, tem permitido que a consigamos fazer de forma eficaz”, conclui.
Texto: Sílvia Malheiro
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