A especialista explica que um dos objetivos deste grupo é “ajudar na implementação do rastreio do cancro do pulmão a nível europeu”, de modo a que seja possível “uniformizar os cuidados oncológicos, proporcionando melhores acessos dos doentes ao rastreio e diagnóstico precoce”.

O Grupo de Trabalho do Cancro do Pulmão da ERS é responsável “pela organização de congressos, reuniões científicas, webinares, seminários, promovendo a divulgação das melhores práticas médicas e a atualização de conhecimentos científicos”, explica Joana Pereira. Além disso, “promovemos a formação para pneumologistas na área da Pneumologia Oncológica, e participamos em projetos de investigação a nível translacional e clínico na área da Oncologia torácica”.

“A nossa missão é constituir uma autoridade de referência a nível europeu na área do cancro do pulmão”, afirma a especialista, que indica que o grupo reúne frequentemente com vários pneumologistas de referência a nível europeu, com o intuito de delinear estratégias para melhoria dos cuidados oncológicos. “Neste momento temos em mãos um projeto financiado pela Comissão Europeia que nos permite reunir pneumologistas, imagiologistas, metodologistas com o objetivo final de facilitar a implementação de programas de rastreio do cancro do pulmão em toda a Europa, eliminando as barreiras ao rastreio para garantir o acesso de pessoas de todos os grupos sociais e económicos”, explica.

Quanto ao acesso a tratamentos inovadores, a especialista refere que “Portugal, a nível europeu, acaba por não ser um país muito atrativo, não pela falta de profissionais excelentes e dedicados, mas porque em termos organizacionais outros centros internacionais são muito mais competitivos e conseguem incluir mais facilmente doentes em ensaios clínicos e possuem também maior facilidade no acesso a terapêuticas inovadoras”.

Evidencia-se, , uma “falta de investimento nacional na investigação”. “Temos excelentes investigadores e institutos de investigação, mas existe falta de investimento na investigação translacional e clínica. Além disso existe falta de organização nas estruturas para que seja possível haver uma carreira de médico-investigador, algo que ainda não é reconhecido em Portugal”, conclui.

De acordo com dados da OMS, em 2022 surgiram cerca de 2,5 milhões de novos casos de cancro do pulmão. A nível nacional, Joana Pereira indica que, a estimativaseja superior a 5000 novos casos por ano.

CG

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