No último mês, cinco utentes com estrabismo seguidos no Hospital de Santa Maria foram intervencionados com uma técnica minimamente invasiva, que reduz o risco de complicações pós-operatórias. Permite ainda, como se adianta em comunicado, “preservar os músculos saudáveis do olho, devolvendo qualidade de vida aos doentes”.

Muitos doentes com esta patologia tornam-se mesmo incapazes de exercer a sua atividade profissional, pela dupla imagem que o estrabismo provoca e pelo torcicolo grave associado. Este procedimento inovador utiliza a transposição de músculos extraoculares funcionantes para o território do músculo que por paralisia se encontra sem função.

A técnica poupa a vascularização dos músculos, ao contrário de outras cirurgias usadas nesta área, o que resulta na melhoria do prognóstico final e redução do risco de inflamação e baixa visão no pós-operatório”, destaca Rita Gama, especialista do Serviço de Oftalmologia.

O recurso a esta técnica implica uma transposição muscular sem o seu seccionamento, apenas com o deslizamento de uma porção do músculo, o que permite obter resultados igualmente eficazes e preservar os músculos funcionantes. “Um terço dos doentes adultos acompanhados na nossa consulta de estrabismo sofre de paralisias oculomotoras. Dentro desse universo, cerca de 20% serão elegíveis para esta cirurgia”, acrescenta Filipa Teixeira, médica oftalmologista da ULSSM.

O Serviço de Oftalmologia da ULS Santa Maria acompanha, no total, perto de 500 doentes de estrabismo por ano na consulta de estrabismo. Walter Rodrigues, diretor do serviço, sublinha que esta técnica se insere “na estratégia de oferecer as mais inovadoras opções terapêuticas aos doentes, com melhores diagnósticos, mais conforto e menos riscos pós-operatórios”.
A primeira vez que se realizou esta intervenção foi no Japão.

MJG

Notícia relacionada

Oftalmologia. “A maioria da população recorre ao privado. O acesso é difícil”