Prurido ocular, olhos vermelhos e lacrimejo são sintomas que muitos portugueses tão bem conhecem, e que se agudizam com a chegada da primavera. A responsável é a conjuntivite alérgica, um problema de saúde recorrente que atinge cerca de três em cada dez portugueses, sobretudo, os mais jovens. Esta inflamação pode ser tratada, mas a prevenção de novas crises é o modo mais eficaz de a controlar.
A conjuntiva é a membrana que recobre e protege o interior das pálpebras e a esclera, a parte branca do globo ocular. Conjuntivite é o nome que se dá à inflamação desse tecido, neste caso de causa alérgica. Secundária à exposição a alergénios, pode ser sazonal (quando se apresenta, sobretudo, na primavera) ou perene, quando persiste durante todo o ano. A conjuntivite alérgica sazonal é a reação alérgica ocular mais frequente e é causada por alergénios presentes no exterior, sobretudo pólenes libertados pelas árvores e gramíneas. É mais frequente na primavera (meses de abril e maio), mas pode estender-se até ao verão e outono, dependendo da região onde se vive, da vegetação envolvente e das condições climáticas.
Difere da conjuntivite alérgica perene, que é causada por alergénios presentes em ambientes fechados como os ácaros, o pêlo dos animais e os fungos (bolor). Os sintomas mais comuns da conjuntivite alérgica são: prurido intenso, lacrimejo, pálpebras inchadas e olho vermelho. A rinite alérgica, causada pelos mesmos alergénios, acompanha frequentemente este tipo de conjuntivite, pelo que sintomas do sistema respiratório superior como espirros, congestão nasal, prurido nasal e diminuição da perceção de odores são frequentes.
A distinção entre conjuntivite alérgica e infecciosa, bacteriana ou viral, nem sempre é fácil, pelo que o diagnóstico deve ser feito por um oftalmologista. A conjuntivite alérgica não é contagiosa, atinge os dois olhos em contemporâneo e acompanha-se de prurido ocular grave, características que ajudam a distingui-la das causas infecciosas.
O tratamento pode ser feito com recurso a fármacos anti-inflamatórios e/ou anti-histamínicos, que reduzem a inflamação e os sintomas. Mas é fundamental evitar ou diminuir a exposição aos agentes desencadeadores da reação alérgica, controlando os sintomas e prevenindo novas crises. Na primavera, os pólenes encontram-se em concentrações muito elevadas no nosso país. São substâncias pequenas e leves, características que as tornam ideais para serem transportados pelo vento e se disseminarem facilmente. Embora evitá-los possa parecer uma missão difícil, não é impossível. As pessoas mais suscetíveis devem evitar caminhar em zonas arborizadas ou em relvados nas primeiras horas da manhã, momento do dia em que a polinização é maior, e resguardar-se em dias mais ventosos, quentes e secos.