A Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI) e a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF) divulgaram recentemente as primeiras recomendações para a vacina contra o Herpes Zoster. Com este projeto pretendem reforçar a ideia de que “a vacinação é uma estratégia eficaz na prevenção desta doença e das suas complicações”.

“Estas recomendações permitem-nos ter assim uma base científica para que cada médico, na sua atividade clínica diária, saiba exatamente como atuar; grupos de risco, benefícios, riscos e ganhos da vacinação são alguns dos focos deste documento”, explica Nuno Jacinto, presidente da APMGF.

A presidente da SPMI, Lèlita Santos salienta que é “crucial estarmos todos mais conscientes da necessidade de olharmos mais para esta patologia, que é muitas vezes pouco valorizada, mesmo pelos doentes”

A médica alerta para as consequências, que “vão muito além do nível cutâneo”, como explica em comunicado. “Devemos preocupar-nos com as que podem afetar o doente a longo prazo, como a nevralgia pós-herpética (NPH), a principal complicação desta doença.” A NPH caracteriza-se pela existência de uma dor debilitante e crónica que persiste, mesmo após o desaparecimento das lesões cutâneas.

O Herpes Zoster (HZ), também conhecido por zona, é causado pela reativação do vírus varicela zoster (VVZ). Habitualmente, o doente adquire este vírus durante a infância, sob a forma de varicela. O vírus permanece depois “adormecido” no organismo, podendo reativar-se anos mais tarde. Fatores como o aumento da idade, a imunossupressão e a presença de doenças crónicas podem aumentar o risco dessa reativação.

“Esta é uma doença com elevada incidência, associada a grande morbilidade e isto pode originar ou agravar uma situação de fragilidade do doente, o que realça a importância da vacinação.”

Segundo o documento, “em Portugal, estão disponíveis duas vacinas contra o HZ: a vacina viva atenuada e a vacina recombinante, a qual apresenta elevada eficácia contra o HZ e suas complicações, especialmente nas populações de maior risco, imunodeprimidas e com imunossenescência que têm contraindicação para a formulação viva atenuada”.

Ainda assim, a recomendação de vacinação contra o HZ não consta no Programa Nacional de Vacinação (PNV), nem existem recomendações nacionais específicas para a imunização.

“Sabemos que este é um processo complexo, e é bom que assim o seja, uma vez que deve haver evidência científica robusta e a vacina deve estar bem estudada para ser incluída no PNV. E este trabalho vai precisamente nesse sentido. É importante irmos falando e trabalhando em conjunto, para conseguirmos definir os eventuais grupos de risco e avaliar qual seria o grupo de pessoas que beneficiariam da inclusão desta vacina no PNV”, remata Nuno Jacinto.

Como tal, as duas sociedades científicas elaboraram um documento de consenso que recomenda “a vacinação contra o HZ em todos os adultos com idade igual ou superior a 50 anos, assim como em adultos com idade entre 18 e 49 anos com risco elevado de zona, nomeadamente doentes com comorbilidades médicas ou imunossupressão”.

O documento salienta ainda a relevância da promoção da literacia do doente, bem como o papel ativo do médico na sensibilização para a importância da vacina.

MJG

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