As aplicações móveis de saúde mental podem têm “um potencial significativo” no combate à carga da doença mental em Portugal, de acordo com o economista da Nova SBE Health Economics & Management Knowledge Center. No artigo, intitulado “Mental Health Professionals’ Attitudes Toward Digital Mental Health Apps and Implications for Adoption in Portugal: Mixed Methods Study”, apresentam-se os resultados de um inquérito online realizado a profissionais de saúde mental.
Entre as diversas vantagens destas aplicações, os inquiridos destacaram o aumento da literacia em saúde (87%), a gestão adequada da doença (79%) o melhor acesso aos cuidados (75%), bem como a melhor capacidade de tomar decisões informadas (65%). Acrescem os ganhos de eficiência na prática clínica (70%), a disponibilização de opções terapêuticas adicionais (66%) e a melhoria dos cuidados prestados aos utentes (58%). Porém, só 39% concordou com a possibilidade de as aplicações poderem contribuir para um maior sucesso do tratamento.
Quanto às possíveis barreiras, quase todos os participantes concordaram com a falta de informação sobre aplicações de saúde mental (96%), com a maioria a reconhecer uma curva de aprendizagem acentuada (72%) e a necessidade de ajustar a sua prática e registos clínicos (71%). Pelo menos um terço dos profissionais mostrou incerteza ou neutralidade quanto à falta de mecanismos de copagamentos por seguros e a falta de apoio pelos produtores destas ferramentas. A maioria defende também a criação de recomendações por parte de organismos governamentais, assim como de associações profissionais e sociedades científicas.
Os dados primários analisados no estudo foram obtidos através de um questionário online (160 respostas completas) e complementados com uma análise de seis especialistas portugueses de aplicações digitais em saúde mental.
A maioria das respostas foram de profissionais do sexo feminino (84%) e de pessoas com idades inferiores ou iguais a 55 anos (94%), que trabalhavam em unidades que abrangiam uma população de mais de 20.000 habitantes (85%) – clínicas (36%), hospitais (35%) e cuidados de saúde primários (11%).