O enfermeiro, no seu discurso, destacou as dificuldades atuais da classe, frisando que “o salário médio nacional apanhou o salário médio dos enfermeiros e nunca tal tinha acontecido na nossa história”. Como acrescentou: “Um enfermeiro que se reforme hoje, fá-lo com menos 20% do que um colega há 15 anos. A enfermagem continua a ser encarada como uma despesa e não como um investimento, como uma forma de melhorar o acesso a cuidados de saúde de qualidade.”

O candidato também salientou o seu “silenciamento sistemático” nos espaços públicos, políticos e profissionais. “É inconcebível que o maior grupo profissional da saúde não tenha uma palavra a dizer sobre as políticas do setor.”

No seu discurso, Mário André Macedo apelou à mudança, e não deixou de abordar o tema do financiamento e da prestação de cuidados de saúde em Portugal. Na sua opinião, “o sistema de saúde nacional é demasiado corporativo e excessivamente centrado em atos e registos médicos”.

Macedo explicou que “nos hospitais as pessoas que necessitam de internamento precisam essencialmente de cuidados de enfermagem”. O enfermeiro falou ainda sobre a “representatividade e reconhecimento” dos profissionais da enfermagem em Portugal. No final do discurso, o candidato apelou à união de todos os enfermeiros, sejam generalistas, especialistas, em função de docência ou de gestão.

Nesta tertúlia estiveram presentes Ana Valentim, vereadora do Desenvolvimento Social e Saúde da Câmara Municipal de Leiria, Teresa Fraga, enfermeira e coordenadora do Kastelo – Cuidados Paliativos e Pediátricos, e José Carlos Gomes, enfermeiro e docente da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Leiria.

Mário André Macedo nasceu em Lisboa, tem 39 anos, é casado e tem dois filhos. É enfermeiro especialista em Saúde Infantil e Pediátrica, com mestrado em Saúde Pública e pós-graduação em Gestão e Inovação em Saúde. Encontra-se a terminar o curso de especialização em Administração Hospitalar. Atualmente, trabalha na Urgência Pediátrica do Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, em Lisboa, onde também coordena a Unidade de Epidemiologia e Saúde Pública hospitalar. Durante a sua carreira, foi premiado em várias ocasiões pelos seus trabalhos e comunicações científicas. Enquanto deputado municipal, promoveu a entrada do Seixal no programa internacional de combate ao VIH e a criação de um programa de 400 mil euros para o combate à fome entre as crianças vulneráveis no concelho. Foi dirigente sindical entre 2015 e 2019.

Texto: Maria João Garcia

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