“Iniciamos o Mês da Medicina Interna com a notícia que no concurso para a escolha das especialidades e, sem qualquer surpresa, ficaram vagas por preencher e a Medicina Interna foi a especialidade hospitalar com mais vagas não ocupadas”, começa por afirmar Lèlita Santos, Presidente da SPMI.
“Sendo a Medicina Interna, a especialidade que sustenta os hospitais e, por sua vez, fulcral no SNS, é necessário que todos, sobretudo os decisores políticos, façam a devida reflexão. É preciso perceber porque é que esta especialidade parece já não ser atrativa, pois o futuro do SNS está comprometido se não se inverter esta situação” sublinhou a dirigente.
Em comunicado, a SPMI refere que os tempos atuais revelam-se “difíceis para a saúde em Portugal, em particular para os portugueses que precisam de cuidados de saúde” no SNS.
A presidente da SPMI afirma que “é incontornável o trabalho dos internistas nas urgências, um claro motivo para o desânimo por esta especialidade, não porque não queiram trabalhar nos serviços de urgência, mas porque estes serviços estão desorganizados, por razões já antes identificadas”.
Segundo a especialista, “há excesso de doentes nas urgências por falta de apoios na comunidade e nas instituições”. “Muitas destas idas à urgência poderiam ser evitadas com equipas de saúde suficientes, que pudessem dar apoio no domicílio, ou o acesso fácil a médico nas instituições com doentes ou idosos com multimorbilidades, ao seu cuidado”.
“Também a organização de um melhor acesso aos Cuidados Primários poderia evitar as idas à urgência de doentes com descompensações das suas doenças crónicas ou dos que não têm sequer, médico de família. No Serviço de Urgência, os internistas devem dedicar-se às tarefas que lhes competem, da avaliação e tratamento do doente complexo com condições clínicas de urgência ou emergência” reforça Lèlita Santos.
Deste modo, a SPMI pretende “um maior investimento nos Cuidados de Saúde Primários criando mais Unidades de Saúde Familiares e promovendo a redução da população sem Médico de Família”. De acordo com a sociedade, deve ser feito um investimento nos cuidados de saúde hospitalares, garantindo médicos qualificados e em número adequado.
A SPMI refere ainda que “é importante alterar o modelo de financiamento dos hospitais e permitir mais autonomia para contratações e aquisição de equipamentos e haver entidades que avaliem resultados e validem opções”.
Defendendo os internistas e os internos de Medicina Interna, a sociedade afirma que estes profissionais têm de ser valorizados através de “medidas justas”, seja por incentivos ou por remunerações adequadas ao trabalho.
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