Ao longo das últimas décadas, em Portugal, à semelhança de outros países a nível mundial, tem sido alvo de uma expressiva transformação demográfica que se caracteriza, entre outros fatores, pelo aumento da longevidade, da população idosa e da diminuição da natalidade e da população jovem (PORDATA, 2022).
Em conformidade com a Federação Internacional da Diabetes Mellitus, este é um dos maiores desafios de saúde do século XXI. Portugal ocupa um lugar de destaque no espaço europeu com maior prevalência de Diabetes em adultos, o que se assume como um problema de saúde prioritário.
Segundo a OMS (2022), no ano de 2019, a Diabetes Mellitus foi a causa direta de 1,5 milhão de mortes e, de todas as mortes por esta doença, 48% ocorreram antes dos 70 anos.
Portugal é o quinto país da Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) com maior prevalência de Diabetes Mellitus, uma análise resultante do relatório publicado pela mesma organização em 2019, que continua a registar que o país continua a ocupar os lugares cimeiros, com as estimativas a apontarem para 9,8% da população com Diabetes, sendo esta percentagem suplantada pelo México (13,5%), Turquia (11,1%), Estados Unidos (10,8%) e Alemanha (10,4%). Antes do Relatório Health at Glance de 2019, a prevalência da Diabetes na população portuguesa com idades entre os 20 e os 79 anos foi estimada em 13,6%, sendo que ao certo somente 800 mil doentes com diagnóstico de Diabetes estão registados nos Cuidados de Saúde Primários.
Em 2019, Portugal tinha 9,8% de adultos, na faixa etária dos 20 aos 79 anos, com Diabetes Mellitus dos tipos 1 e 2, surgindo atrás da Alemanha (10,4%), o pior país da União Europeia em termos de epidemiologia desta patologia. A média da União Europeia dos 27 foi 6,2%, com a Irlanda (3,2%), a Lituânia (3,8%) e a Estónia (4,2%) a registarem as taxas mais baixas de prevalência de Diabetes Mellitus na população adulta. Estima-se que, para além dos casos de pessoas com diagnóstico de Diabetes, a Pré-diabetes, que pode ser revertida com a terapêutica não farmacológica (alimentação e prática regular de atividade física moderada) na maioria dos países, afeta cerca de 2 milhões de portugueses (OMS, 2020).
A Diabetes Mellitus com o passar dos anos pode provocar várias complicações em diferentes órgãos na pessoa, como nefropatia, retinopatia, doença cardiovascular e doença dos membros inferiores. Sendo por isso considerada uma das mais frequentes causas de morbilidade e mortalidade a nível global, tendo representado em 2019, a nona causa de morte (Veiga, 2020). No entanto, é possível tratar a Diabetes Mellitus e evitar ou retardar as suas consequências através da atividade física e de uma alimentação saudável, aliada a medicamentos e exames regulares.
Assim, sendo e tendo-se em consideração que a profissão de Enfermagem deve ser desenvolvida numa espiral, é importante partir-se do pressuposto que conhecer é transformar o objeto e transformar-se os enfermeiros a si próprios, o que implica ter o desejo de conhecer (Nunes, 2018).
Logo, a enfermagem impõe uma constante atualização de saberes e cabe ao enfermeiro procurar mais e melhor formação que promovam o desenvolvimento e aplicação das suas competências. O enfermeiro deve atualizar os seus conhecimentos de modo a fundamentar a sua ação de forma científica, para que a sua prática seja considerada de excelência e, assim, se traduzir na melhoria da qualidade dos cuidados de saúde à pessoa com Diabetes Mellitus.
Neste contexto, cabe aos profissionais de saúde prestar cuidados com qualidade á pessoa com Diabetes Mellitus, que pode iniciar-se nos cuidados de saúde primários através da intervenção nos fatores de risco; na prevenção secundária, através de um diagnóstico precoce e um tratamento eficaz, até à prevenção terciária, através da reabilitação.
Em suma, travar a crescente incidência e os seus respetivos custos humanos, sociais e económicos representa um desafio, que passa por programas de prevenção integrados e na literacia em saúde sobre a temática da Diabetes.
Referências Bibliográficas
Nunes, L. (2018). Para uma Epistemologia de Enfermagem 2ª edição. Loures: Lusodidacta.
PORDATA (2022). Estatísticas Sobre Portugal e Europa. Disponível em https://www.pordata.pt/Home
Sistema Nacional de Saúde, Portal Transparência (2022). Morbilidade e Mortalidade Hospitalar para Diabetes. Disponível em https://transparencia.sns.gov.pt/explore/dataset/morbilidade-e-mortalidade-hospitalar/table/?flg=pt
Veiga, A. (2020). A teoria da resolução dos problemas aplicada a idosos na prevenção da diabetes mellitus tipo 2 para promover a literacia em saúde. Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde. Disponível em URI:
http://hdl.handle.net/10400.26/34435
World Health Organization (2018). Diabetes. Disponível em https://www.who.int/health-topics/diabetes#tab=tab_1
World Health Organization (2020). Noncommunicable diseases progress monitor. ISBN 978-92-4-000140-4. Disponível em file:///C:/Users/Utilizador/Downloads/ 9789240000490- eng.pdf
World Health Organization (2022). Diabetes. Disponível em https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/diabetes
Ana Cristina Almeida Santos Oliveira
Enfermeira Doutoranda do Doutoramento em Enfermagem da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL)
Sócia da www.girohc.pt/
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