Em 2004, Portugal foi pioneiro em reconhecer a obesidade como doença crónica. Contudo, 20 anos depois, esta continua a ser subdiagnosticada e subtratada. Afetando cerca de 30% da população adulta, as pessoas com obesidade continuam a não ser tratadas como outros doentes crónicos.
Esta é uma doença crónica complexa, que se define pela adiposidade anormal ou em excesso que compromete a saúde e aumenta o risco de complicações a longo prazo. É multifatorial e a sua etiopatogenia envolve a interação de fatores genéticos, hormonais, ambientais, comportamentais, psicológicos e microbiota.
A obesidade está na origem de mais de 200 doenças metabólicas, mecânicas ou mentais, tais como a diabetes, doenças cardiovasculares, doença hepática, neoplasias ou depressão, etc. Tem, portanto, um impacto significativo na esperança e qualidade de vida da pessoa e um elevado custo para a sociedade.
O estigma na sociedade e entre profissionais de saúde associado à crença de que a obesidade é uma escolha ou uma questão de força de vontade, inibe a busca de ajuda profissional, atrasa o diagnóstico e compromete o acesso ao tratamento, contribuindo para a progressão da doença e suas complicações.
Reconhecer a obesidade como uma doença crónica, que não tem cura, mas tem tratamento, implica promover o diagnóstico atempado e oferecer as opções terapêuticas mais adequadas à luz das atuais “guidelines” através de uma abordagem multidisciplinar e acompanhamento a longo-prazo.
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“Estima-se que 10 a 14% dos adultos possam ter diabetes e mais de 60% excesso de peso ou obesidade”