Em Portugal, tal como noutros países, está a aumentar o número de crianças que ingerem acidentalmente pilhas de lítio tipo moeda. Ricardo Ferreira considera que o problema se deve, sobretudo, a dois fatores: “o uso generalizado dessas pilhas em múltiplos aparelhos de uso pessoal ou doméstico (comandos, calculadoras, relógios, etc.) e o aumento das suas dimensões e carga elétrica (cerca de 2 cm de diâmetro, enquanto as mais antigas mediam menos de 0,5 cm)”.

“Atualmente apenas os brinquedos são legalmente obrigados a ter este tipo de pilhas em compartimentos de difícil acesso, pelo que todos os outros aparelhos não abrangidos por essa legislação representam um perigo real para as crianças”, salienta.

As crianças mais frequentemente envolvidas nestes acidentes têm idade inferior a seis anos (com pico entre um-dois anos), o que faz com que as pilhas maiores habitualmente fiquem retidas no esófago superior. “Nessas circunstâncias, essas pilhas provocam uma queimadura elétrica muito rápida e grave, podendo causar a perfuração do esófago num intervalo de apenas duas horas, com consequências graves e por vezes até fatais, dada a proximidade anatómica de estruturas nobres como as vias respiratórias e os vasos sanguíneos de grande calibre.”

Face à gravidade da situação, o pediatra defende “a necessidade de serem tomadas medidas preventivas eficazes, devido à gravidade e ao aumento da incidência deste tipo de acidentes, motivo que levou também as sociedades científicas nacionais e europeias a consideram urgente a divulgação deste grave problema de saúde pública”.

No passado dia 12 de junho assinalou-se o Button Battery Awareness Day, uma efeméride criada em 2021, e que tem como objetivo alertar para o perigo de acidentes deste tipo.

Texto: Maria João Garcia

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