Deve-se ter em conta que os problemas oculares não se cingem somente à necessidade de se usar óculos ou lentes de contacto, como sublinha Rita Flores, médica oftalmologista e presidente da SPO. “Por vezes, podem ser um indício de outras patologias não específicas dos olhos, mas que se manifestam neles.”
Uma queixa visual como perda de visão, central ou periférica, ou visão dupla, que não tenha uma causa intrinsecamente ocular, pode traduzir uma doença neurológica, que revela sintomas nos olhos e tem origem no cérebro.
Nestes casos, é importante uma avaliação neuro-oftalmológica e investigação complementar, como indica Lígia Ribeiro, coordenadora do Grupo Português de Neuroftalmologia da SPO. “O exame neuro-oftalmológico poderá confirmar se determinada queixa visual está (ou não) relacionada com um problema no sistema nervoso central ou periférico, permitindo nalguns casos saber com precisão a localização da lesão.”
Segundo a especialista, “a intervenção precoce é fundamental para que os sintomas sejam controlados com eficácia e atempadamente, evitando o agravamento do problema e, quando possível, restaurando a visão”.
As doenças neurológicas mais comuns ligadas à perda de visão são a esclerose múltipla, uma doença inflamatória do sistema nervoso central, o acidente vascular cerebral (AVC), a doença de Alzheimer, tumores cerebrais (mesmo os benignos), aneurismas ou malformações venosas e miastenia gravis, uma doença autoimune da junção neuromuscular.
Texto: Maria João Garcia
Artigo relacionado